O Tess (Transiting Exoplanet Survey Satellite), novo satélite espacial da Nasa destinado a caçar planetas fora do Sistema Solar, já concluiu sua sequência inicial de observações, e começam a pipocar as primeiras descobertas. Por ora são dois novos mundos, achados a partir de dados preliminares, disponíveis num sistema de alerta criado pela própria equipe responsável pelo telescópio espacial para disparar avisos de interesse para a comunidade astronômica quando o satélite detecta algo relevante. As informações são do blog Mensageiro Sideral, da Folha de S.Paulo.
Nessa largada, dois grupos independentes chegaram quase juntos ao mesmo achado, o planeta Pi Mensae c. Trata-se de uma superterra numa órbita extremamente curta ao redor dessa estrela do tipo G, similar ao Sol, localizada a 60 anos-luz de distância na constelação austral da Meseta (Mensa). O consensual entre os dois grupos é que o planeta é incapaz de abrigar vida — quente demais e gasoso demais.
O primeiro artigo tem participação da equipe responsável pelo satélite e sugere que o planeta tem período orbital de 6,27 dias, diâmetro 2,14 vezes maior que o da Terra. Os pesquisadores concluíram que a massa do planeta gira ao redor de 4,8 vezes a terrestre. O segundo artigo, submetido apenas quatro dias depois ao periódico Astronomy & Astrophysics, vem de um grupo independente. Eles também confirmam a existência do planeta, pelos mesmos métodos, mas chegam a parâmetros ligeiramente diferentes: órbita de 6,25 dias, diâmetro 1,83 vez maior que o da Terra, e massa de 4,51 vezes a terrestre.
O outro achado
A segunda descoberta veio também da equipe responsável pelo satélite e foi submetida no dia 19 ao Astrophysical Journal Letters. Trata-se de um planeta ao redor da estrela anã vermelha LHS 3844, localizada a 49 anos-luz de distância. Esse sim tem parâmetros um pouco mais comparáveis ao da Terra, com diâmetro 1,32 vez o terrestre, mas também não ajuda muito em termos da busca por vida: completando uma volta em torno da estrela a cada 11 horas, ele com certeza é um inferno escaldante.
Para onde agora?
O aspecto mais especial dessas primeiras descobertas — e de outras que virão com o TESS— é o fato de que ambos estão orbitando estrelas próximas e relativamente brilhantes (Pi Mensae é até visível a olho nu, no limite da acuidade visual, em locais sem poluição luminosa), o que permitirá que a próxima geração de telescópios no espaço e em solo seja capaz de sondar sua atmosfera por espectroscopia, determinando a composição de seu invólucro de gases. Com isso, abre-se uma grande janela para caracterizarmos esses planetas com maior precisão e entendermos em que circunstâncias pode surgir um mundo capaz de abrigar vida, como o nosso.
Sem falar que esses achados são apenas os que "queimaram a largada", por assim dizer, com os dados do TESS. Espera-se que a equipe responsável pela missão produza catálogos periódicos de planetas e candidatos a planetas com números bastante expressivos de maneira periódica. Esse, digamos, foi só o aperitivo, baseado nos dados das primeiras observações – 27 dias seguidos olhando para uma mesma faixa do céu -, descarregados do satélite no último dia 5.