Uma nova era pode ter começado durante a semana. Ainda é cedo para saber. São necessários séculos para que a História defina os contornos dessas grandes transformações. Não há dúvida: nasceu um grande candidato. O lançamento de um carro ao espaço carrega mais do que tecnologia e excentricidade. É o símbolo de uma viagem sem volta.
Em 1961, o soviético Yuri Gagarin foi o primeiro homo sapiens a viajar pelo cosmos. Agora, 57 anos depois, a foto que ilustra esse texto significa muito mais. Um Tesla, construído sobre o mito da disrupção que na verdade nada rompe. Mais limpo, mais eficiente, mas ainda o ícone maior do casamento em comunhão total de bens entre liberdade e individualismo.
Mais de meio século depois da Vostok 1, não há uma Guerra Fria.
Não há vitória ou derrota de ideologia e projeto de poder.
O símbolo hegemônico de um estilo de vida planetário alcança, triunfalmente, outras órbitas.
A partir dessa semana, já não nos parece mais tão absurda a ideia de habitar outros planetas. O homem sozinho, vagando pelas galáxias, seria um ser desprovido de poder e status. Morar em Andrômeda com um Roadster na garagem. Tudo é mais familiar.
O carro em primeiro plano com a Terra ao fundo é uma releitura do velho navio que deixou a Europa em direção ao novo mundo. Elon Musk é o Cristovão Colombo 2.0. E o Tesla no espaço é muito mais que um lance de marketing. É a afirmação do espírito de conquista e expansão de uma espécie, a nossa. Talvez uma necessidade, olhando séculos no horizonte.
A Humanidade organiza a sua metástase, rumo ao infinito.