A notícia, ou reportagem, é o relato imparcial baseado em fatos observados ou verificados diretamente por um jornalista.
Polícia Civil conclui investigação sobre caso do bolo envenenado; acompanhe a coletiva ao vivo
Suspeita de praticar o crime, Deise Moura dos Anjos foi encontrada morta na última semana. Três pessoas morreram durante uma confraternização na antevéspera do Natal de 2024 após comerem o doce
Arsênio foi encontrado na farinha utilizada para fazer um bolo de reis, que era uma tradição familiar.Divulgação / Instituto Geral de Perícias
A Polícia Civil realiza nesta sexta-feira (21) uma coletiva de imprensa para apresentar as conclusões do inquérito sobre as mortes de três pessoas da mesma família, em Torres, no Litoral Norte, em dezembro de 2024.
A única suspeita de praticar o crime, Deise Moura dos Anjos, 42 anos, foi encontrada morta na cela que ocupava na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na manhã da última quinta-feira (13), com sinais de enforcamento.
Deise seria indiciada, caso estivesse viva, pelos crimes de triplo homicídio triplamente qualificado e três tentativas de homicídio triplamente qualificadas. Com a morte, o Código Penal prevê a extinção da punibilidade.
Crimes teriam ocorrido entre setembro e dezembro do ano passado, em Torres e Arroio do Sal, no Litoral Norte. Causa de sua morte é apontada como suicídio
Ronaldo Bernardi / Agência RBS
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fevereiro 21, 2025 13:43 UTC
Encerramos aqui a cobertura da coletiva! Obrigado a todos pela audiência!
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fevereiro 21, 2025 13:37 UTC
Coletiva encerrada.
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fevereiro 21, 2025 13:37 UTC
Delegado Fernando Sodré diz que Deise recebeu, na véspera, a visita do advogado do marido com proposta de encaminhamento do divórcio.
"Se isso foi gatilho ou deflagrador não temos como saber. O que aconteceu de concreto é que houve essa conversa na véspera", detalha.
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fevereiro 21, 2025 13:36 UTC
"O que mudou o rumo da investigação foi o depoimento de uma testemunha, que foi até a DPPA de Canoas", afirma o delegado Marcos Veloso. Depoimento aconteceu no dia 25 de dezembro, dois dias após envenenamento.
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fevereiro 21, 2025 13:33 UTC
Agiu sozinha
Delegado Veloso diz que descartou completamente a possível participação do marido. "Temos certeza absoluta de que Deise agiu sozinha no envenenamento do bolo e na morte do sogro", diz delegado.
Pontos que a coletiva trouxe de novidade até o momento: Deise admitiu em cartas deixadas que comprou veneno e escreveu mensagem culpando a sogra por isso.
Segundo o delegado, como a sogra não morreu, em novembro ela tentou de novo, indo até a casa de Zeli, e contaminando a farinha com o restante do veneno.
"Ela fez o suco, colocou numa garrafa, serviu para o marido e colocou a garrafa a disposição na geladeira. O suco estava envenenado", diz o delegado Marcos sobre o possível envenenamento do filho e do marido de Deise.
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fevereiro 21, 2025 13:14 UTC
Suicídio foi durante a noite
Sobre a morte de Deise, polícia diz que foram usadas roupas e lençol da cela. "Ela se matou com certeza à noite", diz delegado Sodré.
Delegado Sodré diz que Estado se preocupou com integridade de Deise e que ela foi transferida de Torres para Guaiba porque lá não havia como manter a presa isolada.
Polícia irá apurar como empresa vendeu o veneno para Deise.
"Vamos direcionar isso para a nossa delegacia do consumidor do Deic, para descobrir como se deu a compra. Temos os primeiros elementos que é a nota fiscal. Estamos apurando é como a empresa vendeu isso, com que critério" diz Sodré.
Diretora Marguet diz que a legislação para a compra de arsenio é rígida. "Uma instituição como o IGP teria que apresentar vários documentos de por que está comprando, como vai usar".
Delegado Sodré diz que ainda precisa ser apurado como Deise conseguiu comprar com tanta facilidade o arsenio. "Vamos verificar até que ponto isso é legal, não é, e como se desenvolveram essas compras".
"Tudo indica que o principal objetivo era matar a sogra", afirma o Chefe de Polícia, Fernando Sodré.
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fevereiro 21, 2025 13:04 UTC
Inquérito sobre envenenamentos tem mais de mil páginas. O do sogro, mais de 400. Ambos inquéritos apontaram Deise como autora dos quatro homicídios e quatro tentativas.
Ronaldo Bernardi / Agência RBS
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fevereiro 21, 2025 13:02 UTC
Em uma das cartas, Deise assume que comprou o veneno, mas alega que arsênio era para consumo próprio.
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fevereiro 21, 2025 13:00 UTC
"Demonstra uma certa raiva e uma busca por um perdão, que não veio e não viria" diz Fernando Sodré.
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa em Torres, no Litoral Norte, durante um café da tarde na antevéspera do Natal de 2024, quando seis começaram a passar mal após consumirem pedaços de um bolo. Um deles não ingeriu o doce.
Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal, e levou para a confraternização, também foi hospitalizada.
Três mulheres morreram em intervalos de horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital.
Nos novos laudos, também foi confirmada a presença de arsênio na urina do marido e do filho de Deise. O fato já havia sido constatado em exames prévios, e indica tentativas de envenenamento.
Exumação do corpo possível quarta vítima
Após suspeitas, a polícia solicitou a exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise. Paulo faleceu em setembro de 2024, sob suspeita de uma infecção intestinal, após consumir bananas e leite em pó levados à casa dele por Deise.
A polícia confirmou que Deise comprou arsênio quatro vezes em um período de quatro meses. Uma das compras ocorreu antes da morte do sogro e as outras três, antes da morte de três pessoas que consumiram o bolo envenenado.
Deise Moura dos Anjos foi encontrada morta na cela em que estava na Penitênciária Estadual Feminina de Guaíba.RBS TV / Reprodução
Contaminação da farinha
A investigação aponta que a farinha do bolo pode ter sido contaminada quase um mês antes do episódio fatal. De acordo com o delegado Marcos Vinícius Veloso, Deise esteve em Arroio do Sal no dia 20 de novembro do ano passado, o que pode ter sido o momento em que o veneno foi adicionado à farinha usada no bolo consumido em Torres.
— As informações que nós temos no inquérito policial são de que a investigada esteve na cidade de Arroio do Sal, na última vez, no dia 20 de novembro. E, pelas informações que já foram coletadas do inquérito, nesta data, a Polícia Civil acredita que possa ter ocorrido o envenenamento da farinha que foi utilizada no bolo que foi consumido na cidade de Torres —afirmou o delegado.