A Polícia Civil indiciou a mãe e o pai como responsáveis pela morte da menina Kerollyn Souza Ferreira, que teve o corpo encontrado dentro de um contêiner de lixo em Guaíba, na Região Metropolitana. A morte de Kerollyn completou um mês nesta segunda. O caso está sob sigilo no Tribunal de Justiça (TJ) "por medida de segurança" após a detecção de acessos indevidos aos autos do processo por usuários do sistema que não atuam no caso.
A mãe da criança, Carla Carolina Abreu de Souza, foi indiciada por maus-tratos com resultado morte e violência psicológica. O pai da menina, Matheus Lacerda Ferreira, por abandono material e violência psicológica. Ele vive em Santa Catarina. A filha chegou a morar com Matheus nos primeiros meses de vida e aos sete anos, contudo, a criança voltou para a casa da mãe.
Conforme o chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, delegado Fernando Sodré, a polícia concluiu que a morte da menina decorreu da ação reiterada de maus-tratos por parte da mãe, como falta de cuidado e negligência que resultam em perigo. Também ficou comprovado que a mãe praticou violência psicológica contra a filha por mais de uma vez.
Já a motivação do indiciamento do pai da menina se deu devido ao fato dele deixar de pagar pensão e ajudar nas despesas da criança, que passava necessidades.
O inquérito policial foi encaminhado à Justiça. A Promotoria de Guaíba já está com o caso. Poderá oferecer denúncia ou solicitar mais diligências.
O que dizem as defesas
A advogada Thais Constantin, responsável pela defesa de Carla Carolina Abreu de Souza, alega que desde o início "foi colocada uma única linha investigativa". "Se o delegado vem à imprensa e afirma que eles têm convicção que essa criança foi colocada dentro de uma lixeira, e a gente tem um possível indiciamento de maus-tratos e não da questão do homicídio, alguém vai ter que responder quem matou essa criança", sustenta.
O advogado José Luiz Aveline Zanella, que representa Matheus Lacerda Ferreira, afirmou que "a defesa se opõe ao indiciamento feito pela Polícia Civil".
Mãe está solta
Carla Abreu foi liberada do sistema prisional no último sábado (7), após a Justiça indeferir a prorrogação da prisão temporária dela. A decisão judicial ocorreu ainda na sexta-feira (6), mas ela permaneceu ainda mais um dia sob custódia no Hospital de Charqueadas. O motivo da internação não foi informado.
Questionado, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) informou que "analisará a viabilidade de recurso ou de eventuais medidas procedimentais cabíveis". Até o final da manhã desta segunda-feira (9), não havia ocorrido nenhuma nova movimentação por parte do MP.
Detalhes da investigação
O inquérito foi concluído no último final de semana. Ao todo, 32 pessoas foram ouvidas, sendo oito delas interrogadas. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) realizou 12 exames periciais, além de apresentar 21 laudos à polícia. De acordo com laudo pericial, foi constatada a presença da substância Clonazepam na vítima. Com relação à causa da morte, a perícia não determinou o motivo.
Entre os laudos analisados, está o exame toxicológico que confirmou a presença de sedativo no corpo de Kerollyn.
O inquérito policial teve três volumes, com cerca de 300 páginas. O relatório final teve 61 páginas.