O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul divulgou, nesta terça-feira (30), que foi negado um pedido de revogação da prisão preventiva do influenciador digital Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di. Ele segue detido na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan)
A decisão, da última sexta-feira (26), é da juíza da 2ª Vara Criminal da Comarca de Canoas, Patrícia Tonet.
De acordo com a magistrada, a defesa não apresentou novos argumentos capazes de afastar os fundamentos considerados pelo Juízo, no decreto prisional, os quais, inclusive, foram confirmados em 2º grau, em liminar proferida em habeas corpus.
Nego Di foi preso em Santa Catarina pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul no dia 14 de julho. A prisão se refere a uma investigação aberta há cerca de dois anos, na qual o humorista é suspeito de ter vendido produtos de sua loja online, a Tá di Zuera, que não teriam sido entregues.
Em 2022, o humorista prestou depoimento à polícia e alegou ter sido vítima de estelionato praticado pelo então sócio, Anderson Bonetti, que, segundo a versão dele, seria o verdadeiro proprietário da loja. O ex-BBB alegou ter sido contratado para fazer propaganda para a loja.
Sócio preso em Santa Catarina
Preso em Bombinhas no dia 22 de julho, Anderson Boneti, sócio de Nego Di, estava escondido em um hotel na cidade do litoral de Santa Catarina. Segundo a Polícia Civil, ele estava sozinho e usava carro alugado para não chamar atenção. No entanto, usava seu nome verdadeiro.
— Estava sozinho, levando uma vida tranquila, mas escondido. Evitava sair na rua, ter circulação pública — disse o chefe de polícia, delegado Fernando Sodré.
A polícia também obteve a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico dos investigados. O prejuízo aos consumidores seria superior a R$ 5 milhões.
A investigação apurou que Anderson Boneti era o mentor do estelionato.
— Era quem tinha o conhecimento, a expertise da parte digital. Dilson era o front man, a parte que aparecia e chamava as pessoas para fazerem compras no site — afirmou Sodré.
O que diz a defesa
A defesa de Nego Di se manifestou por meio de nota:
"A defesa de Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, lamenta que tenha sido negado o seu pedido de revogação da prisão preventiva. Juridicamente, não há fundamentos sobre os fatos narrados na denúncia para manutenção da prisão. Cabe ressaltar, ainda, que a Juíza de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Canoas não considerou que já há uma grande quantia paga às supostas vítimas.
É de conhecimento público as ações realizadas por Dilson durante o estado de calamidade pública que assolou o Rio Grande do Sul, bem como as manifestações dele relacionadas à inércia do Poder Público nas medidas necessárias para salvar vidas naquele momento. Chama a atenção da defesa a coincidência de instauração de procedimento para investigação de lavagem de dinheiro e o andamento da ação de estelionato, que teve início em 2022, com relatório final da autoridade policial em agosto de 2023, mas só em maio deste ano começou a tramitar com pedidos relativos à prisão preventiva.
Lamentamos o pré-julgamento e espetacularização do caso, principalmente, daqueles que são responsáveis por conduzir as investigações. Registra-se, ainda, a preocupação com os constantes vazamentos de informações do processo que tramita em segredo de justiça, sem que exista um posicionamento claro da Justiça quanto a isso, nem qualquer movimento para estancar essas falhas.
A defesa seguirá trabalhando e acreditando na justiça, com total confiança na inocência de Dilson e no real esclarecimento dos fatos que envolvem as acusações.
Tatiana Borsa - OAB/RS 47.419
Camila Kersch - OAB/RS 70.616"