O influenciador Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, teria doado apenas R$ 100 a uma campanha durante a enchente no Rio Grande do Sul, mesmo tendo apresentado um suposto comprovante de R$ 1 milhão, suspeita o Ministério Público (MP). O influencer está preso preventivamente e é réu por estelionato.
A advogada Camila Kersch, uma das integrantes da defesa de influenciador, declarou que ainda não tem todos os detalhes dos processos, que tramitam em segredo de Justiça. Segundo ela, a defesa deve se manifestar "assim que nos inteirarmos e sendo possível no aspecto processual".
O MP também suspeita de que o documento utilizado por Nego Di para comprovar a doação seja falso.
O humorista Eduardo Christ, conhecido como Badin, que atuou na organização da vaquinha, afirmou que Nego Di ajudou na divulgação da campanha. Segundo Badin, o influenciador teria dito que a suposta doação de R$ 1 milhão seria feita em partes.
— Teve dias em que entraram mais de R$ 10 milhões na vaquinha, e eu não tinha como ficar acompanhando se as doações que ele falou que iam ser feitas entraram ou não. A gente seguiu a vida — disse Badin em um vídeo publicado nas redes sociais na sexta-feira (19).
A Vakinha, plataforma usada para a campanha de arrecadação, informou, por nota, que a atualização dos valores arrecadados por uma campanha registram pagamentos efetivamente realizados, depois da confirmação bancária.
Informou também que não compartilhará informações pessoais, devido à confidencialidade dos dados (leia a íntegra abaixo).
Réu por estelionato
Nego Di está preso preventivamente na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), na Região Metropolitana. A Justiça manteve a prisão após audiência de custódia, alegando risco de fuga e que o réu poderia seguir cometendo crimes.
Em 14 de junho, o influenciador foi acusado de estelionato pelo MP. A 2ª Vara Criminal de Canoas aceitou a denúncia e tornou Nego Di réu em um processo judicial por suspeita de não entregar produtos vendidos em uma loja virtual da qual seria sócio.
"Eles comercializavam, através de uma loja virtual, diversos produtos, principalmente televisões, telefones e ar condicionados, com preços abaixo do valor de mercado e sempre se utilizando da popularidade do influencer para conferir credibilidade às promoções, sem promover a entrega dos bens às vítimas e nem ressarci-las dos valores pagos", diz o MP.
Segundo a Justiça, Nego Di é acusado de praticar 17 vezes crimes de estelionato qualificado pela fraude eletrônica. Um sócio do influenciador também foi acusado pelo MP.
Menos de um mês após a denúncia, no dia 12 de julho, o influencer foi alvo de uma operação do MP por suspeita de lavagem de R$ 2 milhões supostamente obtidos em rifas virtuais.
Preso em Canoas
A Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), onde Nego Di está preso, tem celas com capacidade para oito pessoas, com espaço para a higiene pessoal e necessidades fisiológicas.
Segundo a Polícia Penal do RS, todas as pessoas privadas de liberdade da unidade utilizam uniforme. O presídio conta com bloqueadores de sinal de telefonia.
Os apenados contam com espaço para exposição ao sol e para refeições. A Pecan dispõe de assistências como educação, trabalho e religião. Duas vezes por semana, familiares podem fazer visitas aos internos.
Nota da plataforma Vakinha
"O Vakinha estabelece a confidencialidade dos dados dos usuários, respeitando a legislação vigente. Em razão disso, não está autorizado a compartilhar informações pessoais fora do que é previsto na Política de Privacidade, Termos de Uso ou determinação fundamentada de autoridade judicial competente.
As atualização dos valores arrecadados por uma campanha no Vakinha registram pagamentos efetivamente realizados, depois da confirmação bancária."