Uma empresa de limpeza de Porto Alegre, suspeita de recondicionar para venda produtos atingidos pela enchente que assolou o Rio Grande do Sul, foi alvo de uma operação da Polícia Civil na manhã desta sexta-feira (28). Segundo a investigação, a empresa trabalhou na limpeza de áreas da cidade que alagaram e deveria recolher e descartar os produtos de estabelecimentos comerciais que foram inundados, mas decidiu vendê-los.
A Polícia Civil cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em endereços relacionados com o empreendimento. Os proprietários devem responder por crime contra as relações de consumo, com pena de até cinco anos de prisão em caso de condenação. O nome da empresa não foi divulgado pela polícia, mas a reportagem apurou que se trata da Ambos Demolidora, de propriedade de João Paulo Ambos. Ele responsabilizou seus funcionários, afirmou que os produtos seriam descartados e que não tem culpa.
— É inadmissível que uma empresa que está trabalhando na limpeza de locais atingidos pela enchente comercialize alimentos que deveriam ser descartados — afirma Vanessa Pitrez, diretora do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Entre os produtos postos à venda, a Vigilância Sanitária identificou alimentos, bebidas e itens de higiene. A reportagem flagrou o momento em que funcionários da empresa limpavam os produtos.
— São muitos alimentos e o mais grave é que são produtos que foram recolhidos do lixo. Eles foram levados para aquele depósito onde foi feita a limpeza e seriam colocados novamente à venda para a população — explica Rafael Gonçalves, diretor do Procon Porto Alegre.
Além disso, os produtos teriam sido contaminados pela água suja e são impróprios para consumo.
— Os produtos que entraram em contato com as águas das enchentes possuem um alto risco de contaminação, sendo impróprios para o consumo humano, já que podem ocasionar inúmeros males à saúde dos consumidores — completa a delegada Cristiane Becker, responsável pela investigação.