A Polícia Civil e a Brigada Militar prenderam, na manhã desta sexta-feira (28), três pessoas suspeitas de envolvimento em saques durante a enchente que assolou Eldorado do Sul, na Região Metropolitana. O município foi um dos mais devastados pela tragédia climática de maio no Rio Grande do Sul. Dois dos presos são integrantes da Defesa Civil municipal - um deles, como voluntário, outro como cargo em Comissão na Câmara de Vereadores. Um terceiro homem também foi preso. Ele foi identificado como participante direto de vários saques.
As prisões preventivas dos dois foram decretadas pela Justiça após a Polícia Civil repassar vídeos que recebeu, mostrando dois homens com coletes da Defesa Civil Municipal de Eldorado do Sul tripulando uma retroescavadeira. De acordo com a polícia, eles utilizaram a máquina para derrubar muros de uma empresa de distribuição de produtos alimentícios, sobretudo doces, que faz vendas em todo o Estado. Após o arrombamento, uma multidão saqueou o estabelecimento. A máquina usada nos arrombamentos era usada a serviço da prefeitura para os trabalhos relativos a enchente.
Foram cumpridos também três mandados de busca e apreensão. Numa residência foram encontrados fardos de água mineral, produtos de higiene e limpeza, além de comida. A suspeita é que sejam proveniente de saque.
A operação, denominada Improbus (desonestos, em latim), contou com 40 agentes e teve apoio do setor de inteligência e tropas do 31º Batalhão de Polícia Militar, foi comandada pela delegada Luciane Bertoletti, responsável pela Delegacia de Polícia Civil de Eldorado do Sul. A prisão dos dois homens da Defesa Civil é por furto qualificado (arrombamento). Já a do terceiro indivíduo, que participou ativamente de saques, é por roubo (assalto).
— Isso porque os funcionários da empresa foram obrigados a ficar no andar de cima do prédio, enquanto os saqueadores atuavam embaixo. Por isso entendo que foi roubo (assalto)—justifica a delegada.
A delegada pediu que os dois servidores da Defesa Civil sejam afastados dos cargos. Há uma suspeita de que parte dos alimentos saqueados tenha sido colocado em cestas básicas para distribuição à população, mas isso ainda é objeto de investigação. A Polícia Civil não revela nomes. A reportagem, no entanto, apurou que dois dos presos são Jonathan Madruga (que atua como CC da Câmara de Vereadores e na Defesa Civil) e Maximiliano Cabral (voluntário na Defesa Civil). Até agora os dois não constituíram defesa, nem falaram a respeito.
A ação policial é sequência da operação Cronos, que no final de maio resultou na prisão de nove pessoas envolvidas em saques em Eldorado do Sul. Pelo menos 17 estabelecimentos foram saqueados. Foram cumpridos também 25 mandados de busca, que culminaram na apreensão de toneladas de materiais saqueados (sobretudo, alimentos e eletrodomésticos). Entre os presos, na ocasião, estão integrantes de facções criminosas e presidiários que cumpriam pena com uso de tornozeleira eletrônica. A estimativa da Polícia Civil é que os saqueadores tenham causado um prejuízo de R$ 30 milhões, apenas em Eldorado do Sul.