As autoridades de Segurança Pública do Estado de Sergipe deram início nesta sexta-feira (22) ao processo de exames no esqueleto que seria do jornalista gaúcho Celso Adão Portella. Os restos mortais foram retirados de uma mala que estava dentro de um refrigerador, na casa onde o gaúcho residia. A localização do cadáver, em condição avançada de decomposição, ocorreu na quarta-feira (20), durante cumprimento de uma ordem de despejo no imóvel, situado no bairro Suíssa, em Aracaju.
Conforme o Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF) do Sergipe, o corpo estava dentro de uma mala, em posição fetal, já em estado de "esqueletização", etapa final do processo de deterioração cadavérica.
— O encontro ocorreu em uma casa em condição bastante insalubre, com grande acúmulo de objetos. Foram encontradas outras malas, mas sem nenhum indício de material biológico. O material biológico vai passar por exames para identificarmos se houve algum tipo de violência. Também serão efetuados exames complementares, pois a perícia busca identificar qual o intervalo temporal entre a morte e o encontro do cadáver — relatou o perito do IAPF, Luciano Homem.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de Aracaju anunciou, ainda na quinta-feira (21), que a prisão da mulher de 37 anos, que alegou ter conservado o corpo durante cerca de sete anos, foi convertida em preventiva. Ela havia sido presa em flagrante por ocultação de cadáver e maus-tratos contra uma criança de quatro anos que era mantida na residência sob condições sanitárias qualificadas como precárias e insalubres pelas autoridades que atuaram no atendimento ao caso.
Suspeita diz que escondeu cadáver por medo
Conforme o DHPP, em seu depoimento, a investigada sustentou que não matou a vítima e que teria saído para trabalhar e, ao retornar, encontrado o homem morto, decidindo conservar seu cadáver em refrigerador da casa.
— Por medo, ela teria guardado o corpo na geladeira. A investigada disse que o fato teria ocorrido em 2016 — explicou delegada Roberta Fortes, responsável pela autuação em flagrante.
A delegada relata que a presa informou a identidade da vítima como sendo o jornalista gaúcho. Contudo, Roberta destaca que somente os exames periciais poderão comprovar se a versão sobre a identidade é verídica. Após o flagrante, a criança foi entregue ao Conselho Tutelar que a encaminhou ao cuidado de familiares.
As investigações prosseguirão sob responsabilidade do DHPP de Aracaju, em inquérito conduzido pelo do delegado Tarcísio Tenório.
— O procedimento foi comunicado ao Poder Judiciário e a presa será apresentada em audiência de custódia. As diligências complementares estão sendo adotadas. O objetivo agora é identificar a vítima. Vamos iniciar identificação e oitiva de testemunhas para que a gente possa esclarecer todas as circunstâncias do fato, inclusive apurando a causa da morte — pontuou Tenório.
Familiares do jornalista natural de Ijuí, que constituiu carreira em Porto Alegre, tendo atuado como locutor das Rádios Gaúcha e Farroupilha nos anos 1980, anunciaram viagem ao Sergipe para acompanhar o caso. Portella residia fora do Estado desde 2001, tendo passado pelo Espírito Santo antes de fixar residência em Aracaju.