A Brigada Militar (BM) concluiu o inquérito policial militar (IPM) que apurou as circunstâncias da morte do lutador de MMA José Mauro de Chaves Chaulet, 34 anos, no dia 7 de maio, no bairro São Geraldo, em Porto Alegre. O resultado da investigação da BM foi divulgado na tarde desta sexta-feira (2) pelo comandante de policiamento da Capital, coronel Luciano Moritz. Um outro inquérito, que apura apenas o homicídio, está em andamento na Polícia Civil.
Cinco PMs foram indiciados. Um deles — apontado como o atirador — por homicídio com dolo eventual e fraude processual. Um segundo por tentativa de homicídio, já que teria sido o responsável pelos disparos que atingiram a companheira de Mauro, além de fraude processual. Mais dois vão responder por fraude processual, sendo que um deles prevaricação. E um quinto por falsidade ideológica. Os nomes deles não foram divulgados.
Não há pedido de prisão para nenhum deles e dois estão afastados desde o início da investigação. Dois procedimentos de demissão foram instaurados para soldados sem estabilidade — menos de cinco anos de carreira — e abertura de conselho de disciplina para outros dois. Para o quinto, que pertence a outro batalhão, também foi sugerida a abertura do conselho.
— Usaram a condição de policial para entrar na cena do crime e colocar a arma ao lado do José Mauro — explicou o coronel sobre esses indiciamentos, ao informar que a arma encontrada ao lado do corpo de José Mauro foi plantada por dois policiais que estavam de folga.
Como aconteceu, segundo a BM
Segundo a Brigada Militar, a confusão que resultou na morte do lutador começou ainda dentro de uma casa noturna, onde estavam ele, a namorada e policiais militares de folga. A investigação apurou que uma outra pessoa não identificada teria importunado a companheira de um dos PMs, quando uma confusão se iniciou.
José Mauro, que não estava nesta briga, sem saber que se tratava de um policial, viu que uma pessoa estava com uma pistola e tentou desarmá-la. Foi nesse momento que ocorreu um disparo acidental, que atingiu a virilha do PM. Junto da companheira, ele deixou o local com a arma do PM, a entregou para um segurança e um policial à paisana na saída antes de seguir para o estacionamento.
Quando ele fazia a manobra para deixar o local, uma viatura da Brigada Militar chegou e deu sinal de parada, que não foi atendida. Foi a partir disso que os disparos foram realizados. A informação inicial chegou a ser de que ele teria trocado tiros com os policiais, o que foi descartado a partir da comprovação de que ele havia entregado a arma antes de sair.
"Aceleraram a morte dele ao chutá-lo no chão, e eu me fingi de morta", disse companheira
A investigação do caso é acompanhada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. Em audiência, a companheira de José Mauro foi ouvida por cerca de 15 minutos e deu sua versão dos fatos. Ela alegou que foram agredidos mesmo após terem sido baleados e rendidos.
— A arma que ele (José Mauro) tirou do PM envolvido em uma briga dentro do bar foi entregue por nós a outro policial à paisana, já do lado de fora do local. Mesmo assim, atiraram em nós, e, baleados, após o carro bater em uma árvore, mandaram a gente descer e deitar no chão. Nessa hora, policiais acionados para atender a ocorrência pisaram nas nossas costas. Aceleraram a morte dele ao chutá-lo no chão, e eu me fingi de morta — contou.
A Brigada Militar alega que o Samu foi chamado menos de dois minutos após os disparos.