Dois inquéritos foram instaurados no início desta semana sobre a morte do lutador de MMA José Mauro de Chaves Chaulet, 34 anos, na madrugada de domingo (7), no bairro São Geraldo, zona norte de Porto Alegre. Um dos procedimentos, por parte da Polícia Civil, apura o que motivou ele a atirar em um policial militar de folga — depois desarmar o PM — durante uma briga, além das circunstâncias da morte de Chaulet, que acabou baleado.
O outro inquérito, da Brigada Militar (BM), investiga a conduta de outros dois PMs que chegaram ao local para atender a ocorrência, disparando pelo menos 10 tiros contra Chaulet e a namorada dele, que, nesta ocasião, já estavam dentro de um carro na frente da casa noturna onde teria ocorrido o desentendimento. Ele morreu com um tiro nas costas, e a companheira foi atingida por pelo menos três disparos, a maioria de raspão, e sobreviveu.
O primeiro inquérito foi aberto na 2ª Delegacia de Homicídios da Capital. O delegado Eric Dutra está à frente da apuração e diz que uma das versões sobre esta ocorrência aponta que o lutador tirou a arma do brigadiano e atirou propositalmente nele, acertando-o em uma das pernas, perto da virilha. Outra versão apurada é de que pode ter ocorrido um disparo acidental no momento em que Chaulet tirou a arma do policial.
Mas o que é considerado fundamental para a Polícia Civil é esclarecer se o lutador saiu da casa noturna com ou sem a arma do brigadiano de folga.
Depois de pegar o carro no estacionamento, após a suposta briga na casa noturna, Chaulet passava em frente ao local com a namorada, na Rua Almirante Barroso, quando deparou com dois policiais militares em uma viatura, que teriam sido acionados para atender a ocorrência. Na versão dos PMs, o lutador estava armado e atirou, por isso eles revidaram. Na versão da namorada do lutador, cujo nome não é divulgado pela polícia, Chaulet não estava armado, e os brigadianos teriam iniciado a abordagem já disparando contra eles.
O delegado já ouviu seis pessoas e confirma que os depoimentos divergem. Como as imagens de câmeras de segurança não confirmam nenhuma das versões, foi solicitada a perícia das armas. Dutra diz que, se a arma do PM de folga tiver dois disparos, a versão sobre o lutador ter saído do bar armado se confirma. Caso contrário, a linha de investigação será a de que os PMs iniciaram atirando.
Investigação militar
Sobre o envolvimento dos PMs, o comando do 9º Batalhão da BM instaurou um Inquério Policial Militar ainda no domingo para apurar a conduta de pelo menos dois brigadianos, os que estavam de serviço e atiraram no casal. Desde segunda-feira (8), já estão sendo ouvidos todos os envolvidos no fato, incluindo o PM de folga e amigos envolvidos na briga.
— As oitivas estão bem avançadas e os laudos já foram solicitados. Acreditamos encerrar muito antes do prazo previsto — diz o tenente-coronel Fábio Schmitt, comandante do 9º Batalhão, acrescentando que o objetivo é esclarecer todos os fatos em um prazo de até 40 dias.
Natural de Ibirapuitã, no Norte do Estado, Chaulet deixou um filho de oito anos.