Depois de deflagrar nesta quarta-feira (14) uma operação em conjunto com a Corregedoria do Detran, que resultou na prisão de um despachante e de um ex-vistoriador do Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA) de São Leopoldo, a Polícia Civil apura a participação de mais suspeitos e de eventual lavagem de dinheiro dos criminosos.
Provas cruciais para isso são os áudios apreendidos ainda na fase inicial da investigação. O material estava nos celulares dos investigados. Há ainda mensagens de textos, entre elas algumas detalham sobre valores cobrados por fora e divididos entre os suspeitos, cuidados para ambos não se exporem diante das autoridades, bem como pagamentos via Pix entre os dois suspeitos para conta de laranjas e a possível participação de mais criminosos.
O despachante, que atua em Novo Hamburgo, mas foi preso em Esteio, é suspeito de irregularidades em um esquema que envolve o ex-vistoriador do CRVA, demitido nos últimos dias e preso em São Leopoldo. Os dois são investigados por corrupção ativa e passiva por suspeita de adulterar documentos e liberar automóveis que não poderiam circular, cobrando valores por fora e em prejuízo ao erário público, além de riscos para o trânsito.
Os áudios entre eles comprovam, junto de outras provas obtidas, várias situações investigadas pelo titular da 2ª Delegacia de Combate à Corrupção do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Augusto Zenon, e pela Corregedoria do Detran. .
ÁUDIO 1
Suspeitos falam de acerto de valores e de prováveis mais envolvidos na fraude
ÁUDIO 2
Em um segundo áudio, os suspeitos falam sobre possível denúncia feita a autoridades sobre a fraude cometida por eles
ÁUDIO 3
Em uma terceira mensagem, os investigados alertam como proceder e a ficarem atentos com as autoridades. Um deles orienta a não enviar mais áudios pelo WhatsApp
ÁUDIO 4
As conversas entre o despachante com escritório em Novo Hamburgo e um ex-servidor do CRVA de São Leopoldo mostram ainda pagamentos via Pix e indicações de contas de laranjas
ÁUDIO 5
Neste último áudio, suspeitos torcem para que o Detran não descubra a fraude, falam de valores e até de como adulteravam procedimentos
A polícia constatou 10 casos de fraude, mas não descarta outros. Isso porque o despachante, em 12 meses, encaminhou 57 procedimentos para o CRVA de São Leopoldo que ficaram sob os cuidados do ex-vistoriador investigado. O delegado Zenon diz que há outros 45 pedidos enviados para outros servidores que também serão investigados.
Como apareceram contas bancárias de familiares dos dois suspeitos, a polícia ainda vai apurar provável lavagem de dinheiro. A investigação continua e os nomes dos presos não foram divulgados.