Quatro crianças morreram em ataque a uma escola infantil de Blumenau, em Santa Catarina, na manhã desta quarta-feira (5). Outras cinco ficaram feridas. Um homem de 25 anos se entregou à polícia e foi preso pelo atentado.
Ele teria pulado o muro da creche e atingido as crianças que estavam no parquinho da instituição com golpes de machadinha. Outras cinco crianças ficaram feridas.
O que já se sabe
Como aconteceu ?
O autor teria pulado o muro da escola infantil Cantinho Bom Pastor, uma instituição de ensino particular localizada na Rua Caçadores, em Blumenau. Segundo a polícia, ele tinha uma machadinha, com a qual atacou as crianças que estavam no parquinho.
De acordo com os policiais, as quatro vítimas, três meninos e uma menina, foram atingidas na região da cabeça.
Após a ação, o homem se entregou em um batalhão de Polícia Militar localizado a cerca de dois quilômetros da escola. Ele foi preso.
No momento do ataque, o estabelecimento, que conta com 240 matriculados, tinha 140 alunos presentes.
Quem são as vítimas?
As vítimas do ataque são quatro crianças que frequentavam a creche. Elas foram identificadas como:
- Bernardo Cunha Machado, cinco anos
- Bernardo Pabst da Cunha, quatro anos
- Larissa Maia Toldo, sete anos
- Enzo Marchesin Barbosa, quatro anos
O prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, informou durante entrevista coletiva nesta quarta-feira que todas as vítimas eram filhos únicos.
Após uma noite de vigília em frente à escola e início dos funerais, a manhã desta quinta-feira (6) foi marcada, em Blumenau, pelo sepultamento das quatro vítimas. Três dos enterros ocorreram no Cemitério São José, na região central de Blumenau, e reuniram centenas de pessoas. Apenas Enzo Marchesin Barbosa, quatro anos, foi velado e sepultado no Cemitério Salto do Norte, também na cidade do Vale do Itajaí.
O autor do ataque foi preso?
Ele se entregou ao Batalhão da Polícia Militar e se encontra detido. Ele tem antecedentes criminais por porte de drogas, lesão e dano. Em uma delas, em 2021, esfaqueou o seu padrasto.
O que pode acontecer com ele?
A Polícia Civil informou, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (5), que o homem deve ser indiciado por quatro homicídios triplamente qualificados e também quatro tentativas de homicídio.
Como estão as crianças feridas?
Em entrevista coletiva, a vice-prefeita de Blumenau, Maria Regina Soar, afirmou que o quadro das quatro crianças feridas que foram levadas ao Hospital Santo Antônio era estável. Uma quinta criança teria sido atendida, mas já recebeu alta.
Ao Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, a médica Maria Beatriz Silveira Schmitt Silva, diretora técnica e cirurgiã Pediátrica do hospital, falou sobre o estado de saúde das vítimas que foram encaminhadas ao local. A especialista contou como foi a chegada das crianças na emergência e como tiveram que lidar com a situação apavorante e traumática.
— Ver o olhar da criança chegando (no hospital) em pânico (foi muito difícil). Qualquer movimento que fazíamos a criança se assustava, qualquer tentativa de ajudar. Foi difícil conquistar novamente a confiança e fazer se sentirem seguras. Algumas a gente teve que acalentar, conversar muito, por isso nossa opção já de prontidão foi levá-las para fazer anestesia e fazer a cirurgia com elas dormindo, para não aumentar o trauma que elas passaram — disse a médica.
Durante a manhã desta quinta-feira, o hospital emitiu nota confirmando a alta das quatro crianças que haviam sido feridas no mesmo ataque. De acordo com a instituição, elas já estão em casa, com as famílias.
Houve ataques em outras creches de Santa Catarina?
Após o ataque, surgiram nas redes sociais notícias sobre supostos atentados a creches de municípios de Santa Catarina nesta quarta-feira. Durante entrevista coletiva, autoridades de segurança afirmaram que trata-se de informações falsas.
— É um caso isolado — destacou o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel.
O que falta esclarecer
Qual a motivação para o ataque?
Após audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (6) com o autor do atentado, a Polícia Civil de Santa Catarina está focada em buscar as motivações do crime e possíveis coautores.
Em depoimento, o investigado confessou que, inicialmente, seu alvo era outra escola, mas que mudou de ideia, decidindo-se pela Cantinho Bom Pastor.
O homem preso pelo ataque agiu sozinho?
A análise preliminar do aparelho celular do autor do ataque a creche de Blumenau não indica, na avaliação da Polícia Civil catarinense, motivação ideológica ou participação em grupos extremistas. A primeira impressão dos delegados se sustenta também nas falas do homem de 25 anos, tanto em conversas informais com policiais quanto nos interrogatórios.
— Ele (o criminoso) não relatou nenhum fato neste sentido. Pelo que consta, também não tinha nada no celular envolvendo situações como estas que você acabou de mencionar. Mas a análise ainda está no início. A gente vai aprofundar a investigação, analisar de forma um pouco mais minuciosa para concluir por este ou aquele motivo — explicou Rodrigo Raitez, um dos dois delegados que conduzem a investigação.
Esclarecimento sobre a cobertura
GZH decidiu não publicar o nome, foto e detalhes pessoais do assassino de Blumenau. As pesquisas mais recentes sobre massacres deste tipo mostram que a visibilidade pública obtida pela cobertura da mídia pode funcionar como um troféu pelos autores, e estimular outros a cometer atos similares. A linha editorial dos veículos da RBS em outros casos recentes já vinha sendo a de não retratar estes criminosos em detalhes, noticiando apenas o nome e informações resumidas sobre eles. Ao restringir ainda mais esta exposição, medida também tomada por outros veículos de jornalismo profissional, buscamos colaborar para que os assassinos não inspirem novos atos de violência extrema como o desta quarta-feira (5).