O ataque à escola infantil Cantinho do Bom Pastor, que deixou quatro crianças, com idades entre três e sete anos, mortas em Blumenau, Santa Catarina, nesta quarta-feira (5), foi um ato isolado, segundo a Polícia Civil catarinense. A informação foi divulgada em coletiva realizada no salão nobre da prefeitura de Blumenau, às 15h, com integrantes do governo de SC e polícias Civil, Militar e Científica. As autoridades se solidarizaram com familiares das vítimas e de crianças feridas.
Contrariando boatos propagados em redes sociais ao longo da manhã, a Polícia Civil afirmou que o caso ocorreu de forma isolada e que não procede a informação de que mais agressores estão organizando novos ataques em escolas.
O autor do ataque foi preso logo após o episódio. Ele foi ouvido inicialmente e deve ser interrogado por mais vezes nos próximos dias.
— Isso foi um caso isolado. Na entrevista prévia (com o agressor), realizada por mim e demais delegados e profissionais, indicam que o ataque foi isolado e não tem relação com outras práticas criminosas e não é um fato coordenado, seja por jogo, rede social, nem conversas e negociações entre criminosos. É importante salientarmos isso para evitar que notícias infundadas acabem sendo propagadas por toda Santa Catarina e isso cause um sentimento de pânico. Por exemplo, no grupo de escola da minha filha havia várias preocupações e perguntaram se a minha filha iria para o colégio. Ela foi, sim, está no colégio — afirmou o delegado-geral da Polícia Civil de SC, Ulisses Gabriel.
Em nota, o governo catarinense ressaltou também que "várias informações sem fundamento têm circulado com desinformação sobre o caso" e pontuou que a população deve ajudar a evitar a propagação de fakenews.
O delegado-geral afirmou que, desde a última semana, o governo catarinense vinha construindo um plano de contingência para evitar episódios do tipo e, no caso de ocorrência, evitar mortes. A medida vinha sendo estudada há mais de um ano.
Segundo a investigação, o autor é natural do Paraná e tem ao menos quatro passagens pela polícia — por briga em uma casa de festa, posse de cocaína, por esfaquear um padrasto e, em outra ocasião, um cão. Ele deve deve responder por quatro homicídios triplamente qualificados e outras quatro tentativas de homicídio.
As equipes afirmam que já pediram a quebra de sigilo telefônico do homem e também de suas redes sociais. Também será feita análise de perfil psicológico do investigado, que será usada na tentativa de identificar outros possíveis agressores.
Crianças socorridas a hospital não correm risco de morrer
As crianças mortas foram identificadas como Bernardo Cunha Machado, cinco anos, Bernardo Pabest da Cunha, quatro, Enzo Marchesin Barbosa, quatro, e Larissa Maia Toldo, sete. Outras quatro feridas estão se recuperando e devem ser liberadas para suas casas dentro de 24 horas. Elas não correm risco de morrer, segundo a prefeitura de Blumenau.
As crianças feridas foram encaminhadas para atendimento médico nos hospitais Santo Antônio e Santa Isabel. Uma delas tinha o quadro mais grave, em razão de um golpe desferido no pescoço, que causou ferimento profundo.
No município, as aulas, tanto na rede pública quanto privada, foram suspensas nesta quarta e quinta-feira. As atividades serão retomadas na segunda-feira (10). A administração municipal afirmou que irá disponibilizar atendimento psicológico, em unidades públicas e privadas, para auxiliar na retomada de estudantes e famílias aos locais. A Polícia Militar também irá reforçar o efetivo próximo a unidades de ensino, ajudando na retomada.
Nesta quinta-feira (6), as autoridades farão um reunião com todos os diretores de escolas, públicas e privadas, para dialogar e repassar estratégias para evitar novos episódios do tipo.
Ouça a coletiva pela Rádio Gaúcha
Esclarecimento sobre a cobertura
GZH decidiu não publicar o nome, foto e detalhes pessoais do assassino de Blumenau. As pesquisas mais recentes sobre massacres deste tipo mostram que a visibilidade pública obtida pela cobertura da mídia pode funcionar como um troféu pelos autores, e estimular outros a cometer atos similares. A linha editorial dos veículos da RBS em outros casos recentes já vinha sendo a de não retratar estes criminosos em detalhes, noticiando apenas o nome e informações resumidas sobre eles. Ao restringir ainda mais esta exposição, medida também tomada por outros veículos de jornalismo profissional, buscamos colaborar para que os assassinos não inspirem novos atos de violência extrema como o desta quarta-feira (5).