Quatro crianças morreram em ataque à escola infantil Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, em Santa Catarina, na manhã desta quarta-feira (5). Outras cinco ficaram feridas, e quatro delas foram encaminhadas para a emergência do Hospital Santo Antônio.
Ao Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, a médica Maria Beatriz Silveira Schmitt Silva, diretora técnica e cirurgiã Pediátrica do hospital, falou sobre o estado de saúde das vítimas que foram encaminhadas ao local.
— Recebemos duas meninas e dois meninos. Todas (as crianças) permanecem internadas. Elas continham ferimentos no pescoço e na face, por isso foram submetidas a procedimento cirúrgicos e anestesia geral. (As vítimas) se encontram acordadas em leitos de enfermarias, estáveis, mas em acompanhamento da equipe multidisciplinar, e vão permanecer pelo menos 24h em ambiente hospitalar, para acompanharmos as lesões e realizar avaliações psicológicas — relatou a cirurgiã.
A quinta criança ferida foi levada pela própria mãe a outro hospital, antes da chegada do serviço médico à creche. Segundo informações compartilhadas entre os estabelecimentos de saúde, a pequena teve apenas um leve ferimento e já foi liberada.
Maria Beatriz também deu informações sobre o nível dos ferimentos nas quatro crianças internadas.
— (Elas) sofreram lesões moderadas, mas uma delas teve uma lesão vascular no pescoço, um pouco mais profunda. Ela segue estável e não deve ter nenhuma sequela maior, porém, ainda vamos acompanhá-la — afirmou.
A especialista contou como foi a chegada das crianças a emergência e como tiveram que lidar com a situação apavorante e traumática.
— Ver o olhar da criança chegando (no hospital) em pânico (foi muito difícil). Qualquer movimento que fazíamos a criança se assustava, qualquer tentativa de ajudar. Foi difícil conquistar novamente a confiança e fazer se sentirem seguras. Algumas a gente teve que acalentar, conversar muito, por isso nossa opção já de prontidão foi levá-las para fazer anestesia e fazer a cirurgia com elas dormindo, para não aumentar o trauma que elas passaram — disse a médica.
Trauma físico e psicológico
O cuidado mental com as vítimas do caso, incluindo as que não sofreram nenhum tipo de ferimento durante o ataque desta sexta-feira, é essencial. O Hospital Santo Antônio oferece o tratamento psicológico para os feridos que ali foram atendidos, mas também para os pais e familiares.
— O trauma físico e psicológico das crianças também acontece com os pais. Você deixa seu filho na escola achando que esta deixando num local supostamente seguro e de repente o local é invadido por uma pessoa completamente transtornada. Depois recebe a noticia que seu filho está machucado — relatou.
A cirurgiã também disse que uma das famílias de uma criança que veio a óbito, foi ao hospital na tentativa de que uma das quatro machucadas fosse sua filha.
Esclarecimento sobre a cobertura
GZH (ZH/DG/Rádio Gaúcha/Pioneiro) decidiu não publicar o nome, foto e detalhes pessoais do assassino de Blumenau. As pesquisas mais recentes sobre massacres deste tipo mostram que a visibilidade pública obtida pela cobertura da mídia pode funcionar como um troféu pelos autores, e estimular outros a cometer atos similares. A linha editorial dos veículos da RBS em outros casos recentes já vinha sendo a de não retratar estes criminosos em detalhes, noticiando apenas o nome e informações resumidas sobre eles. Ao restringir ainda mais esta exposição, medida também tomada por outros veículos de jornalismo profissional, buscamos colaborar para que os assassinos não inspirem novos atos de violência extrema como o desta quarta-feira (5).