Após quase 11 horas de sessão, foi encerrado, nesta segunda-feira (20), o primeiro dia do novo júri de Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo e acusado de ser o mandante da morte do filho em 2014. Na terça-feira (21), o julgamento será retomado as 8h30min. A expectativa é que seja ouvida a delegada regional de Três Passos, Cristiane de Moura e Silva Braucks, que atuou no caso.
Neste júri, o grande debate gira entorno do envolvimento do réu no caso: se o médico mandou ou não matar o filho, então com 11 anos. Enquanto a defesa de Boldrini sustenta que o médico apenas "falhou como pai", o Ministério Público coloca o réu como mentor intelectual do crime.
A delegada Cristiane deve falar sobre aspectos da investigação e sustentar que Boldrini acertou com a esposa, Graciele Ugulini, a morte do menino. Em 2019, no primeiro júri, a policial disse que o inquérito apontou que o menino se sentia abandonado por parte da família. Na ocasião, questionada sobre o que poderia ter motivado o assassinato, Cristiane disse que o menino e a madrasta não tinham boa relação e recordou os vídeos de confrontos com o pai. Disse ainda que a família era negligente e que o menino costumava ser acolhido por vizinhos.
Naquele julgamento, o depoimento da delegada durou cerca de 3 horas.
A acusação também sustenta que Bernardo foi morto por interesses financeiros: para que o pai recebesse a herança da mãe do menino, que havia morrido.
Depois de Cristiane ainda devem ser ouvidas mais três testemunhas de acusação. Há outras cinco testemunhas de defesa, que serão ouvidas na sequência.
A estimativa é que o réu seja ouvido na quarta-feira.
Primeiro dia tem depoimento de 6 horas
O primeiro dia do novo júri de Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, morto em 2014, foi marcado pelo longo e único depoimento do dia, o da delegada Caroline Bamberg, que comandou as investigações à época do crime. Na sessão, o grande debate girou em torno do envolvimento do réu no caso: se o médico mandou ou não matar o filho, então com 11 anos.
Para Caroline, Boldrini combinou a morte do menino com a companheira, Graciele Ugulini, madrasta de Bernardo e executora do assassinato. Quando o homicídio foi desvelado, no entanto, um "conluio" entre parentes do médico e advogados do caso teria sido armado isentar o médico da responsabilidade.
O depoimento de Caroline começou por volta das 14h30min e durou cerca de seis horas. A delegada foi a responsável pela investigação da morte, e ouviu mais de cem testemunhas ao longo da apuração.
Antes, pela manhã, a exibição de um vídeo com cerca de 30 minutos de duração marcou o início da sessão. As imagens estão entre as provas apresentadas pelo Ministério Público (MP) e foram gravadas pelo próprio réu — e recuperadas pela investigação após a morte do garoto. Os vídeos mostram Bernardo discutindo com o pai e a madrasta, Graciele Ugulini, e por várias vezes gritando por socorro.
Ao assistir as imagens, Leandro Boldrini deixou o plenário por alguns minutos, mas retornou antes do fim da exibição.
Também foi reproduzida imagem que mostra Bernardo e Leandro discutindo. O vídeo mostra o menino indo até a cozinha da casa para pegar uma faca e apontá-la contra o pai.
O vídeo é uma das principais provas a serem apresentadas pela acusação. O MP sustenta que Boldrini torturava o menino e foi o autor intelectual da morte. Mais cedo, o promotor Miguel Podanosche declarou que não há dúvidas do envolvimento do pai no crime.
A situação dos demais réus
- Graciele Ugulini (madrasta) – condenada a 34 anos e sete meses de reclusão em regime inicial fechado, está presa no Presídio Feminino Madre Pelletier com previsão de progressão para o semiaberto em 2026.
- Edelvania Wirganovicz (amiga de Graciele) – condenada a 22 anos e 10 meses de reclusão em regime inicial fechado, cumpre pena no regime semiaberto no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre.
- Evandro Wirganovicz (irmão de Edelvania) – condenado a nove anos e seis meses em regime semiaberto e atualmente em liberdade condicional.