A Polícia Civil do Distrito Federal segue investigando a participação de outros envolvidos na tentativa de explosão de uma bomba em uma área próxima ao aeroporto de Brasília. No último sábado (24), um homem foi preso e confessou ter armado o artefato, alegando que queria "provocar o caos" em protesto contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.
Veja o que se sabe até o momento sobre o caso:
Onde o artefato foi encontrado?
A bomba foi encontrada por volta das 8h de sábado na Estrada Parque Aeroporto, próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília. Equipes da Polícia Militar (PM), do Corpo de Bombeiros e das polícias Civil e Federal agiram conjuntamente para desativar o explosivo.
O material estava escondido em um caminhão que transportava querosene para o terminal. A PM foi acionada pelo motorista do veículo onde o artefato estava instalado — a participação dele no crime foi descartada.
Onde ocorreu a prisão?
O suspeito de ter montado o artefato no caminhão foi encontrado e preso em um apartamento no Sudoeste, na região central do Distrito Federal. Ele foi autuado por posse e porte ilegal de armas, munições e explosivos e crime contra o Estado Democrático de Direito (veja mais abaixo).
Quem é o homem preso?
O investigado é George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos. Ele é apoiador do presidente Jair Bolsonaro e afirmou ter conexões com outros bolsonaristas que acampam em frente ao quartel-general (QG) do Exército, na capital federal, com apelos golpistas contra a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Robson Cândido, Sousa é empresário do ramo de postos de gasolina no sul do Pará.
Conforme o colunista Humberto Trezzi, de GZH, há meses ele faz nas redes sociais postagens agressivas contra a esquerda, pregando que os militares façam um golpe de Estado e clamando o povo a impedir a posse de Lula.
O investigado tinha licença para portar armas?
Em outubro do ano passado, o investigado obteve licença como CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador). Desde então, gastou cerca de R$ 160 mil em pistolas, revólveres, fuzis, carabinas e munições.
O que foi encontrado com ele?
Autoridades localizaram um arsenal de armas, munições e explosivos em posse do suspeito. Apesar de ter o registro de CAC, o documento que valida o porte de armas pessoal estava em situação irregular.
Com ele, de acordo com o portal G1, foi encontrado: um fuzil AR10; duas espingardas calibre 12; 30 cartelas de munição 357 magnum; 39 cartelas de munição 9 mm, contendo 10 munições intactas não deflagradas; e duas caixas contendo 50 munições de 9 mm.
O que o investigado disse à polícia?
Em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, Sousa disse que o objetivo do ato era "dar início ao caos", o que poderia "provocar a intervenção das Forças Armadas". Ele também afirmou que a ação foi planejada com manifestantes que estão no QG do Exército.
"Então eu resolvi elaborar um plano com os manifestantes do QG do Exército para provocar a intervenção das Forças Armadas e a decretação de Estado de Sítio, para impedir a instauração do comunismo Brasil", disse em depoimento.
O bolsonarista radical detalhou também que, na data da prisão do indígena José Acácio Serere Xavante — em 12 de dezembro, quando houve atos de vandalismo em Brasília —, conversou com PMs e bombeiros acionados por conter os manifestantes e concluiu que os agentes estavam "ao lado do presidente" e que, por isso, em breve seria decretada a intervenção das Forças Armadas.
"Porém, ultrapassado quase um mês, nada aconteceu", afirmou à polícia.
Há mais suspeitos?
As autoridades afirmam ter certeza do envolvimento de outras pessoas no crime. Segundo a Polícia Civil do DF, um segundo suspeito já foi identificado — o nome, contudo, não foi divulgado.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o delegado-geral da Polícia Civil, Robson Cândido, afirmou que mais suspeitos de envolvimento no plano de atentado serão presos nesta semana.
Por quais crimes o preso vai responder?
Sousa foi autuado pelos crimes de posse e porte ilegal de arma de fogo e de uso restrito, além do crime de terrorismo. A legislação define atos de terrorismo — cuja pena varia de 12 a 30 anos de reclusão — como:
"Usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa".