Um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tentou invadir o prédio da Polícia Federal (PF), em Brasília, na noite de segunda-feira (12). A Polícia Militar dispersou os manifestantes, que se espalharam por outras regiões da capital federal e, entre outros atos de vandalismo, incendiaram diversos carros e ônibus.
Veja o que se sabe sobre o tumulto em Brasília:
O que motivou o protesto
A ação violenta do grupo aconteceu após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretar por 10 dias a prisão do líder indígena José Acácio Serere Xavante, conhecido como Cacique Serere. Ele é apontado por envolvimento em atos antidemocráticos na capital federal que contestam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial.
Quem é o líder indígena preso
Cacique Serere é o apoiador de Bolsonaro e se apresenta como pastor missionário evangélico. Ele é apontado como responsável por organizar atos contra a vitória de Lula e com ataques às instituições, como ao STF e Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Xavante é sócio do Instituto de Promoção Educacional e Social do Araguaia e da Associação Indígena Bruno Omore Dumhiwe. Ele se autodenomina líder indígena xavante da Terra Indígena Parabubura.
Filiado ao Patriota, foi candidato a prefeito de Campinápolis (MT) em 2020 e não foi eleito.
O que motivou a prisão
A prisão foi decretada depois que Moraes aceitou o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) por conta de "indícios da prática de crimes em atos antidemocráticos". De acordo com a PF, o líder indígena teria realizado manifestações em diversos locais de Brasília, como Congresso Nacional, Aeroporto Internacional de Brasília (onde a área de embarque foi invadida), no centro de compras Park Shopping, na Esplanada dos Ministérios e em frente ao hotel onde o presidente eleito está hospedado.
O que foi depredado
Após serem dispersados pela PM, o grupo que estava na sede da PF se espalhou por outras regiões da capital federal. Segundo o Corpo de Bombeiros, foram ao menos cinco ônibus e três carros incendiados durante o tumulto.
O comércio de rua e em shoppings chegou a ser fechado, e pessoas precisaram aguardar dentro dos locais antes de sair. Os vidros da 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte, também foram quebrados.
Responsabilidade pelos atos
Ao portal G1, nesta terça-feira (13), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, afirmou acreditar que nenhuma pessoa tenha sido presa durante os atos de vandalismo. Na noite anterior, ele declarou que a "ordem é prender" os responsáveis pelo tumulto.
O dia seguinte no DF
O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, afirmou que a ordem foi restabelecida após os tumultos, mas, mesmo com a situação controlada, o policiamento na região central de Brasília deverá permanecer reforçado nesta terça-feira.
O trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e em outras vias está restrito. O Comando de Operações Táticas da PF e a tropa de choque da Polícia Militar também reforçaram a segurança no hotel onde Lula está hospedado.
Repercussão
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, disse que determinou às forças de segurança que prendam todos os responsáveis por depredações e outros atos de vandalismo.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chamou de "absurdos os atos de vandalismo registrados nesta noite" e disse que foram "feitos por uma minoria raivosa".
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) declarou que irá pedir a inclusão de uma investigação sobre os atos desta segunda-feira no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos.
Em nota, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) repudiou o que considerou como "atos de vandalismo" praticados contra a sede do órgão, "atentando contra a vida de policiais federais no cumprimento de suas funções, em seu local de trabalho".
O presidente Jair Bolsonaro não se manifestou até o momento sobre os incidentes.