O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, afirmou que a ordem foi restabelecida após bolsonaristas queimarem veículos e tentarem invadir a sede da Polícia Federal (PF) na noite de segunda-feira (12). Mesmo com a situação controlada, o policiamento na região central de Brasília deverá permanecer reforçado nesta terça (13).
Entre outras medidas, o trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e em outras vias da região central está restrito. O Comando de Operações Táticas da PF e a tropa de choque da Polícia Militar também reforçaram a segurança no hotel onde o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está hospedado.
Durante a madrugada, não houve um novo posicionamento do governo do DF e das forças de segurança, e Danilo relatou que não tinha informações sobre um número de presos. No entanto, o secretário disse que foi identificada a participação de pessoas que estão acampadas em um QG do Exército, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que estão protestando contra o resultado das eleições. A ideia é "reavaliar" a permanência do acampamento no local.
Além do governo do DF, a equipe de transição da próxima gestão federal trabalha de maneira integrada na ocorrência. As autoridades apuram quais crimes foram cometidos e quem será responsabilizado. Ainda na segunda-feira, o governador Ibaneis Rocha ressaltou que a orientação era prender os envolvidos nos atos antidemocráticos.
A série de vandalismos começou após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitar o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e decretar a prisão, por 10 dias, de José Acácio Serere Xavante, conhecido como Cacique Serere. Ele é acusado de usar a "posição de cacique para arregimentar indígenas e não indígenas para cometer crimes, mediante ameaça de agressão e perseguição do presidente eleito e de ministros do STF", conforme nota da Corte.
Depois da repercussão negativa da ação do grupo apoiador de Bolsonaro, o cacique gravou um vídeo em que desmotivava a violência. Conforme as imagens, o líder indígena tranquilizou o grupo, dizendo que estava bem, e que não era a favor de briga e conflito.
"Quero pedir: como eu tenho amado os senhores, se os senhores me amam também, me consideram, eu quero pedir para que os senhores não venham fazer conflito, briga ou confronto com a autoridade policial e venham viver em paz. E não pode continuar o que aconteceu, infelizmente, essa destruição dos carros, ataque à sede da Polícia Federal", diz na gravação.
Em nota, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) repudiou o que considerou como "atos de vandalismo" praticados contra a sede do órgão, "atentando contra a vida de policiais federais no cumprimento de suas funções, em seu local de trabalho".
"A Fenapef está certa de que a Polícia Federal fará uma apuração célere do ocorrido e trabalhará para que os envolvidos sejam encaminhados à Justiça o mais rápido possível. A escalada da violência no país, e especialmente contra policiais federais no exercício de suas funções legalmente previstas, representa um atentado ao Estado de Direito e à democracia e deve ser combatida com rigor e nos limites da lei", completou o posicionamento.
A depredação e tentativa de invasão aconteceram no dia em que a chapa eleita para a presidência da República foi diplomada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Conforme o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, a integridade de Lula não esteve ameaçada em nenhum momento, sem que ele fosse exposto a qualquer risco.