Foi marcada para o dia 8 de novembro a reprodução simulada do caso do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, que foi encontrado morto após abordagem da BM em São Gabriel, na Fronteira Oeste, no dia 19 de agosto. Três policiais militares são réus. O segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen e os soldados Cléber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso seguem detidos preventivamente no Presídio Militar de Porto Alegre. Eles respondem por homicídio triplamente qualificado na Justiça Comum e ocultação de cadáver e falsidade ideológica na Justiça Militar.
O trabalho será realizado pela equipe da Seção de Reprodução Simulada dos Fatos do Departamento de Criminalística do Instituto-Geral de Perícias (IGP) e Polícia Civil. O objetivo é apurar se os fatos aconteceram como narrados pelos réus e de acordo com as provas periciais.
A advogada Vânia Barreto, que defende os soldados Lima e Pedroso, disse que ainda se reunirá com os seus clientes para decidir se eles participarão ou não da reprodução. O advogado Mauricio Adami Custódio, que representa o segundo-sargento Jacobsen, confirma que o militar estará presente na reprodução. Ele ressalta que o seu cliente é inocente e tem interesse na reprodução simulada "porque é uma prova importante para a defesa".
— Nós nos colocamos à disposição desde o primeiro momento. Ele (Jacobsen) brada mais uma vez a inocência, a injustiça da sua prisão. Processualmente, neste momento, queremos esclarecer probatoriamente a dinâmica do fato, que contrastamos com as alegações desde o começo. A prova é importante, queremos participar dessa prova, necessitamos da produção dessa prova para a plenitude de defesa dele — destaca Custódio.
Gabriel desapareceu na madrugada de 13 de agosto, quando foi visto pela última vez sendo colocado dentro de uma viatura da BM. Ele havia sido abordado pouco antes no bairro Independência, em São Gabriel. O corpo do jovem foi encontrado uma semana depois, dentro de um açude na localidade de Lava Pé, a cerca de dois quilômetros do local da abordagem. O laudo de necropsia do IGP apontou que Gabriel morreu por hemorragia interna causada por uma agressão na coluna cervical. Ele também tinha um hematoma na cabeça.
Segundo a polícia, durante a abordagem, Gabriel teria sido agredido com um tapa, depois caiu e bateu com a cabeça num paralelepípedo. Na sequência, teria sido agredido com um cassetete e posto contra a vontade na viatura.
Audiências
Além da reprodução simulada, estão marcadas também para novembro as primeiras audiências do caso na Justiça Militar. No dia 1º será em Porto Alegre, no dia 4 em São Gabriel e no dia 14 em Santa Maria. Nessas datas testemunhas de acusação serão ouvidas.
Conforme o Tribunal de Justiça, na Justiça Comum, a primeira audiência do caso está marcada para o dia 7 de dezembro, no Fórum de São Gabriel.