Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, morreu em decorrência de um golpe por objeto contundente, e não por afogamento. Os resultados da perícia confirmam o que a Polícia Civil já havia reunido na investigação do caso e que levou ao pedido de prisão dos policiais militares envolvidos na abordagem ao jovem por homicídio duplamente qualificado.
Segundo laudo de necropsia, Gabriel apresentava marcas no pescoço e sofreu uma lesão na cervical, o que ocasionou hemorragia interna. Quando foi deixado em um açude no município de São Gabriel, na Fronteira Oeste, já não estava respirando.
Essas são as conclusões do laudo que estão sendo apresentadas na manhã desta segunda-feira (29) pela cúpula da Segurança Pública do Estado. Participaram da coletiva o secretário da Segurança, Vanius Cesar Santarosa, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Claudio dos Santos Feoli, a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Heloísa Helena Kuser, e o chefe da Polícia Civil, delegado Fábio Motta Lopes.
— Conforme o laudo de necropsia, a morte de Gabriel ocorreu por perda sanguínea causada por ruptura de vasos na região cervical, com sinais de ação por instrumento contundente. Ou seja, uma hemorragia interna — resumiu a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias, na entrevista coletiva.
Em depoimentos dados no sábado (27) à Polícia Civil e no domingo (28) à Corregedoria da BM, os três policiais investigados mantiveram uma mesma versão: sustentaram que não espancaram ou assassinaram o rapaz.
Relembre o caso
Natural de Guaíba, Gabriel — que tinha se mudado havia apenas 15 dias — foi abordado no começo da madrugada de 13 de agosto, no bairro Independência, em São Gabriel. Após ser levado na viatura pelos três PMs, não foi mais visto. Uma semana depois, o corpo dele foi encontrado a dois quilômetros de onde ocorreu a abordagem, dentro de um açude.
Na ocorrência, os policiais haviam registrado que revistaram Gabriel e o liberaram. Com o sumiço, foram ouvidos em inquérito policial militar e admitiram ter levado o jovem para a localidade de Lava Pé. Alegando inocência, as defesas disseram que foi ele quem pediu para ser deixado naquele local, pois estaria procurando a casa de familiares.
No último dia 23, a juíza Juliana Neves Capiotti, da Vara Criminal de São Gabriel, decretou a prisão preventiva do trio. Os policiais — os soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima e o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen — estão presos desde 19 de agosto por determinação da Justiça Militar. O decreto ocorreu em função de irregularidades na condução da ocorrência.