Desde terça-feira (5), a Brigada Militar (BM) e a Polícia Civil têm reforçado ainda mais o efetivo em áreas conflagradas pelo tráfico e que estão sendo palco de uma onda de ataques entre duas facções. Pela BM, são mais de cem policiais por terra e pelo ar no eixo que compreende a Vila Cruzeiro e o bairro Cascata, na zona sul de Porto Alegre. Já a Polícia Civil tem atuado presencialmente nas regiões próximas a escolas e agilizado as investigações e ações de inteligência.
Os PMs estão percorrendo ruas, becos e vielas com motos e carros nos três turnos do dia e ainda recebem o apoio de um helicóptero que, mesmo à noite, possui equipamento que pode detectar do alto uma pessoa com um celular ou uma arma na mão. A ação é por tempo indeterminado.
O comandante geral da corporação, coronel Cláudio Feoli, explica que o efetivo disponível é dos batalhões de Choque, Operações Especiais, de Aviação e ainda as forças táticas dos batalhões das áreas específicas.
— Os policiais não estão no quartel de prontidão, estão percorrendo os locais dia e noite. Se mostrando presentes no monitoramento e também no caso de alguma busca eventual a algum criminoso que seja detectado. Também contamos com o apoio da comunidade em detectar qualquer ação suspeita pelo canal de denúncias via telefone 181 — explica Feoli.
Infravermelho
Além da ação por terra, um helicóptero sobrevoa por várias vezes durante o dia e a noite o eixo conflagrado pela guerra de facções, entre a Vila Cruzeiro, passando pelos Bairros Medianeira, Nonoai, Teresópolis e Glória, e indo até o Bairro Cascata. A aeronave possui um imageador térmico com infravermelho acoplado a uma câmera que detecta a uma altura de cerca de 300 metros, mesmo à noite, se uma pessoa está com uma arma ou um celular na mão.
Feoli diz que estas medidas já têm dado resultado e informa que, entre a noite de segunda-feira (4) e a manhã desta quarta-feira (6), não houve homicídios na Capital. O setor de inteligência da BM também está de prontidão e trabalhando de forma integrada com a Polícia Civil que investiga as mortes decorrentes destes atentados que iniciaram no dia 15 de março devido a uma dívida financeira entre duas facções.
São 15 mortes, mas pode chegar a 17, já que tem outras duas registadas anteriormente e que a autoria pode estar vinculada a onda de crimes entre os dois grupos. Além disso, há 21 pessoas ficaram feridas e 14 suspeitos já foram detidos. A investigação continua.
Escolas
Em relação à rede municipal de Porto Alegre, duas escolas receberam alerta “vermelho” na terça-feira, ou seja, tiveram as aulas suspensas devido a uma situação grave por causa da insegurança. Mesmo assim, a Secretaria de Educação da Capital informa que as aulas já voltaram ao normal nesta quarta-feira. A Guarda Municipal reforçou o patrulhamento na entrada e saída dos alunos e a BM também está com efetivo mais ostensivo nos locais.
Nesta quarta-feira, 12 agentes do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) também estiveram em vários locais na zona sul da cidade — principalmente na região do Bairro Cascata — para impedir qualquer tipo de ação criminosa. Segundo o diretor de Investigações, delegado Carlos Wendt, não houve cumprimento de mandados judiciais porque o objetivo foi mostrar que a força policial se faz presente no local.
— Estamos falando com comunidade, pais e professores das escolas. Mas também estamos dando um recado para os criminosos. Não vamos tolerar mais o fechamento de escolas — ressalta Wendt.
Em relação à rede estadual, a Secretaria de Educação informa que a Escola Oscar Pereira foi fechada por questão de segurança e que retoma as aulas na próxima segunda-feira.