Aos 48 anos, o coronel Claudio dos Santos Feoli foi nomeado para ser o novo comandante-geral da Brigada Militar. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (14), o militar falou sobre os desafios que deve enfrentar no cargo e como espera continuar reduzindo os índices de criminalidade no Rio Grande do Sul em sua gestão.
— Fórmula magica não existe, mas o que se mostrou eficaz é a integração dos órgãos de segurança publica e a observação de um planejamento diante de dados científicos — disse Feoli. — Há 30 anos atrás nós colocávamos policiamento em esquina por esquina. Dado a nossa questão estrutural do Estado atualmente, nós não temos efetivo para isso, mas se mostra eficaz essa forma de planejamento sobre dados a ponto de termos uma redução (de crimes) significativa nos últimos cinco anos — completou.
Segundo Feoli, nos últimos cinco anos, o índice de roubo foi reduzido em 56% no Estado. Já o índice de homicídios dolosos caíram em 48%. Em Porto Alegre, o roubo de veículos teve queda de 72% graças à integração entre os órgãos de segurança que compartilham imagens de vídeo monitoramento.
— Baseado em um sistema de gestão de dados, nós colocamos viaturas visando a presença policial e o efetivo a pé em eixos prioritários sempre onde as pessoas estão indo para o trabalho ou retornando dele — disse. — Nós planejamos o policiamento em locais de maior incidência de ocorrência. Desde um simples furto até outros roubos que temos no cotidiano. Por isso, temos reduzido esses crimes significativamente — completou o comandante.
Mulheres assassinadas no RS
Combater o feminicídio é um desafio para a BM, segundo o comandante. De acordo com Feoli, isso se dá porque os atos ocorrem dentro das residências das vítimas. Contudo, ele disse que os agentes realizam treinamentos focados no combate a este tipo de crime.
— O feminicídio é o que mais desafia a redução (de casos). Temos mais de 49 mil visitas realizadas no ano passado e 17.644 vítimas cadastradas. Nessas visitas, mais de 140 prisões foram feitas — disse.
— É um crime de difícil intervenção policial porque muitas vezes se dá dentro das casas. Fizemos campanhas de conscientização junto com a Polícia Civil. Além disso, a BM fez a qualificação de mais de 400 policiais militares para estes crimes contra a mulher — completou Feoli.
Situação em Rio Grande
Nos primeiros dois meses de 2022, a cidade de Rio Grande já ultrapassou os índices de homicídio de todo o ano passado. O comandante disse que a BM atua com maior foco no município há aproximadamente um mês. Nos finais de semana, os agentes chegam a usar um helicóptero nas ações.
— Rio Grande é um dos nosso focos há 30 dias. Fizemos uma força-tarefa com outros órgãos de segurança pública e tivemos o apoio na cidade do 5° batalhão de choque, que mudou sua sede, temporariamente, da cidade de Pelotas para Rio Grande — disse.
Segundo o comandante, o fruto dessa força-tarefa foi uma apreensão significativa de armas: 70, até o momento. Na comparação, em todo o ano de 2021, foram recolhidas 120 armas.
— Estamos atuando visando o encerramento desta guerra entre facções. A solução definitiva deste problema é multifatorial e nós estamos tentando tudo junto com os outros órgãos de segurança capitaneados pela secretaria de Segurança.
Investimento no reaparelhamento
O comandante disse que em breve serão entregues novos equipamentos de menor potencial ofensivo aos policiais, como armas de choque e viaturas semi blindadas. Também foi dito que todo o arsenal de pistolas será mudado para o calibre 9 milímetros.
— Nós temos um momento muito importante, talvez histórico, de reaparelhamento das instituições de segurança pública. Temos projeção de aquisição de equipamentos que propiciam a segurança do policial para que ele faça o seu trabalho sem reações indesejadas — disse.
Feoli também disse que a BM também está realizando um processo seletivo para integrar 4 mil novos soldados na instituição.
— Temos buscado cada vez mais incrementar a prestação de serviço às pessoas para que a gente possa viver em um Estado melhor — concluiu.