O primeiro mês de 2022 teve queda em todos os 22 indicadores de criminais monitorados no Rio Grande do Sul. Um dos destaques ficou por conta dos latrocínios, que são os assaltos com morte, com queda de 83% - foi registrado somente um caso no Estado em janeiro, contra seis no mesmo período do ano passado. Os indicadores de criminalidade foram divulgados no fim da manhã desta sexta-feira (11) em Esteio, na Região Metropolitana.
O município foi escolhido pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) como palco para apresentação dos dados porque em janeiro zerou, pelo segundo ano consecutivo, os homicídios e latrocínios. A apresentação foi realizada às 11h, na Rua Garibaldi, conhecida na cidade como Rua Coberta, na área central. O governador Eduardo Leite e o vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, fizeram o detalhamento dos números.
Durante a apresentação dos dados, os dois relembraram o fato de que a redução é ainda mais significativa quando se olha para os dados de 2017, período no qual o RS viveu o ápice da violência, especialmente nos casos de homicídios e latrocínios.
— Se tivéssemos mantido os mesmos patamares de criminalidade, teríamos ao longo desses anos (do período do governo) mais 2.056 vítimas de homicídios. Com a implantação do RS Seguro e o trabalho de operadores da segurança, preservamos durante esse período todas essas vidas. A vida é o bem supremo. Aquilo que há de se preservar sempre — destacou o vice-governador.
Nos latrocínios, além da maior redução entre os indicadores, o número representa o menor total da série histórica para o mês de janeiro.
— O latrocínio é aquele crime que mais choca. É quando um pai de família ou uma mãe de família, eventualmente, tem sua vida exposta, por conta de um roubo. Em 2017, chegamos a ter 25 latrocínios em um mês. E agora, em 2022, temos apenas um episódio — disse o governador.
O único caso foi registrado em Alegrete, no dia 10 de janeiro, quando o dono de um bar foi encontrado morto, com ferimentos no pescoço e cabeça, dentro do estabelecimento. A família relatou que o veículo de José Carlos Silveira Romero, 72 anos, foi roubado da residência, ao lado do bar. O criminoso teria usado a Montana para carregar outros itens do local, como botijão de gás, bebidas e dinheiro. Um suspeito foi identificado e preso pela Polícia Civil.
— Lamentamos que tenha havido esse caso, mas os números falam por si — completou Ranolfo.
Entre os fatores apontados pela SSP para a redução, estão a prisão dos suspeitos de mais de 80% dos casos registrados no Estado, além do monitoramento das ocorrências, o que permite traçar estratégias de prevenção e combate ao latrocínio.
Feminicídio ainda é desafio
Os homicídios também apresentaram redução de 11,18% no Estado em janeiro. Foram 135 assassinatos, enquanto em janeiro de 2021 tinham sido 152. A maior queda neste indicador foi percebida em Bento Gonçalves, na Serra. Em janeiro do ano passado tinham sido sete vítimas e neste ano foi um caso. Logo atrás, vem Porto Alegre, que teve cinco homicídios a menos, caindo de 25 para 20 vítimas – o menor total para o período desde 2010.
Já no caso dos feminicídios, embora também tenha havido queda, o governador ponderou que esse tipo de crime ainda é um desafio para a segurança pública. Foram 10 mulheres assassinadas em janeiro deste ano no RS – no mesmo período de 2021 tinham sido 11.
— O feminicídio é um crime que tem raízes de ordem cultural, sociológica. Aqueles homens que não saíram das cavernas e não entendem essa mudança dos tempos, a autonomia e independência que as mulheres conquistaram. É um tipo de crime que ainda é de especial dificuldade no enfrentamento. Trabalhamos na lógica de somar todas as forças para virar esse jogo contra os feminicídios — disse Leite.
O governador lembrou em sua fala ações como a Patrulha Maria da Penha, da Brigada Militar, que faz o controle e acompanhamento das vítimas com medida protetiva, e a Sala das Margaridas, projeto que busca melhorar o atendimento das mulheres nos plantões das delegacias, por meio da criação de ambientes reservados e com acolhimento. Ainda nesta semana, a Polícia Civil iniciou uma série de ações da Operação Resguardo, ofensiva nacional de combate à violência contra a mulher, coordenada pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública.
Crimes patrimoniais
Todos os outros crimes que são monitorados pela SSP também tiveram redução no mês de janeiro. Entre eles, estão roubos, roubos de veículos, assaltos no transporte coletivo, estelionatos e ataques a bancos.
Nos roubos de veículos, o número de registros em janeiro baixou de 549, no ano passado, para 390 neste ano, queda de 28,9%. Porto Alegre sozinha foi responsável por 23% da queda dos roubos de veículo no Estado. Em janeiro, na Capital, foram 160 registros, contra 198 no mesmo período do ano passado, retração de 19,2% e a menor marca da série histórica.
Já no transporte coletivo, a queda dos roubos foi de 126 em janeiro 2021 para 79, redução de 37,3%. Nos ataques a banco, somadas as ocorrências de roubos e furtos, o Rio Grande do Sul teve apenas um registro. Foi um arrombamento de uma agência bancária, na área central de Rio Grande, no sul do Estado. O dado representa retração de 75% em relação aos quatro registros no mesmo período do ano passado.
Assim como no Estado, a Capital também teve queda nos indicadores de homicídio, latrocínios e roubos – nos feminicídios não houve nenhum registro, da mesma forma que no primeiro mês do ano de 2021.
Em Esteio
O prefeito em exercício de Esteio, Jaime da Rosa, destacou em sua fala a integração entre as forças de segurança municipais e estaduais como fatores para a redução dos indicadores no município.
– Isso não acontece por acaso em Esteio e nem no governo do Rio Grande do Sul. Estamos investindo muito na segurança pública. Essa integração faz com que as pessoas em Esteio se sintam mais seguras. As pessoas gostam de morar na nossa cidade – comemorou.
Titular da Delegacia de Polícia de Esteio, Luciane Bertoletti detalhou durante o evento ações realizadas nos últimos anos, especialmente com foco no combate aos crimes como homicídios e tráfico de drogas.
– Focamos em operações contra esses delitos, muitas de forma integrada com a BM, resultando na identificação de 13 suspeitos desses homicídios, e no cumprimento de oito prisões. Alcançamos números bastante positivos, mas ainda há muito a ser feito – disse a delegada.
Comandante da Brigada Militar em Esteio, o tenente-coronel André Luiz Stein destacou entre os fatores principais para a redução dos indicadores, além da integração entre as forças da segurança, a valorização dos servidores, como forma de motivação dos policiais.
– Precisamos enaltecer a valorosa equipe de policiais militares que compõe o 34º BPM (Batalhão de Polícia Militar). Os números merecem e precisam ser celebrados. Isso não é uma construção do mês de janeiro de 2022. É um trabalho que vem sendo realizado há pelo menos três anos. É um trabalho árduo, focado em análise criminal, nessa complexa e dinâmica ciência humana que é a segurança pública – afirmou.