A Polícia Civil gaúcha participa, nesta quinta-feira (16), de operação em sete Estados contra uma associação criminosa suspeita de usar as redes sociais para divulgar ameaças e disseminar ódio a negros, homossexuais e judeus. No Rio Grande do Sul, um jovem e um adolescente foram alvo de mandados de busca e apreensão em suas residências.
Nos locais, não foram encontrados materiais suspeitos. Contudo, os dois seguirão respondendo pelos atos em liberdade.
A Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre foi acionada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que coordenam a operação nacional, para o cumprimento das duas ordens judiciais na cidade. Os alvos foram um adolescente de 14 anos e um jovem de 21 anos, moradores dos bairros Tristeza, na Zona Sul, e Rubem Berta, na Zona Norte.
Não houve flagrante, porque não foram encontrados materiais suspeitos, mas os dois tiveram os celulares apreendidos. A investigação continua, segundo a delegada Cristiane Pires Ramos — que é a titular da Delegacia do Idoso e que está respondendo pela Delegacia de Combate à Intolerância no momento.
— Nós apenas participamos da operação, e a investigação segue toda ela pelo Rio de Janeiro. Mas recebemos a informação de que os jovens do Estado usavam as redes sociais também para troca de informação e para disseminar o ódio e o preconceito, além das ameaças. Em um dos casos, falavam até em massacre em escola fluminense — alerta Cristiane.
Operação Bergon
A operação nacional ocorre no Rio de Janeiro e em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em outros Estados, até as 10h30min, quatro pessoas já haviam sido presas, além de terem ocorrido apreensões de facões, mídias e materiais que fazem apologia ao nazismo.
O alerta inicial foi dado pelo governo dos Estados Unidos e, em maio, um dos suspeitos foi preso no pela polícia no Rio de Janeiro. Ele foi identificado pelo setor de inteligência de um órgão norte-americano por usar aplicativo para espalhar o ódio e atrair simpatizantes neonazistas. Após investigação e quebra de sigilo de dados, polícia e promotoria brasileiras obtiveram mandados judiciais para realizar buscas por outros suspeitos identificados.
Ao todo, são 15 alvos no Rio de Janeiro, nove em São Paulo, dois no Rio Grande do Sul, dois no Paraná, um em Minas Gerais, um no Rio Grande do Norte e um em Santa Catarina. O nome da operação faz alusão à freira francesa Denise Bergon, que usou seu convento para abrigar crianças judias entre alunos católicos durante a Segunda Guerra Mundial, evitando que fossem capturadas pelos nazistas.