Foi deflagrada pela Polícia Civil, na manhã dessa quinta-feira (16), a quinta fase da Operação Caritas, em Canela, que investiga a prática de corrupção em setores do poder público do município da Serra. Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em residências e propriedades rurais localizadas na cidade e também no interior.
Por meio de nota, o delegado Vladimir Medeiros, que está à frente da investigação, informou que a ação foi realizada em um imóvel que estaria ligado a um dos investigados pela Polícia Civil e preso pela operação no dia 8 de novembro. Ainda conforme o delegado, as buscas são desdobramento da análise de documentos apreendidos pela polícia e que, após avaliação, indicaram possível aquisição de um sítio por um dos investigados com valores não declarados e por meio de laranjas.
Medeiros disse ainda que o trabalho da força-tarefa de policiais civis envolvidos na operação está concentrado, atualmente, na análise do volume de documentos e equipamentos apreendidos na ação policial do último dia 8 de novembro, quando foram cumpridas simultaneamente mais de 200 medidas judiciais em nove cidades no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Essa ação incluiu prisões preventivas, afastamentos cautelares de servidores públicos e 44 mandados de busca e apreensão em nove cidades, além de outras medidas.
No dia 8 de novembro, o presidente da Câmara de Vereadores de Canela, Alberi Gavani Dias (MDB), o secretário municipal de Obras, Luis Claudio da Silva, e o interventor do Hospital de Caridade, Vilmar da Silva dos Santos foram presos preventivamente, mas soltos no dia seguinte e afastados das funções públicas.
Além disso, naquela ocasião, foram afastados de maneira cautelar o secretário municipal de Turismo, Angelo Sanches Thurler, o subsecretário de Obras, Osmar José Zangalli Bonetti, e Denis Roberto de O. de Souza, funcionário contratado como cargo em comissão na pasta de Obras.
Ainda conforme a Polícia Civil, uma investigação iniciada em abril encontrou indícios de uma rede de corrupção para lavagem de dinheiro. Entre as práticas, estariam suspeitas de falsificação de documentos, crimes em licitação, ocultação de bens, desvio de materiais de construção adquiridos para reforma do Hospital de Caridade, canalização de verbas, orçamentos fraudulentos em licitações e rachadinha.
A Operação Caritas começou em 9 de abril, quando foram apreendidos materiais de construção do Hospital de Caridade de Canela que haviam sido desviados para propriedade particular. Na segunda fase, em 30 de junho, policiais civis apreenderam uma lista com nomes de cargos de confiança que, segundo a apuração, pagavam valores em dinheiro para partido político. Isso ocorreu após os policiais acompanharem, durante todo o dia, a atividade de recolhimento do dinheiro em diversos locais, inclusive prédios públicos.
Já no dia 8 de novembro, 175 policiais civis cumpriram simultaneamente 176 medidas judiciais. No dia 29 de novembro, durante a quarta fase, 30 policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão na cidade e em Gramado em endereços ligados a empresas que prestam serviços de maquinário e terraplanagem para a prefeitura de Canela. Ao todo, cinco locais foram alvos de buscas nas duas cidades.