A Polícia Civil realiza a quarta fase da Operação Caritas, que investiga crimes de corrupção na administração pública de Canela na manhã dessa segunda-feira (29). Trinta policiais civis cumprem mandados de busca e apreensão na cidade e em Gramado em endereços ligados a empresas que prestam serviços de maquinário e terraplanagem para a prefeitura de Canela. Ao todo, cinco locais são alvos de buscas nessa manhã nas duas cidades.
Durante uma fase da operação, no último dia 8, o presidente da Câmara de Vereadores de Canela, Alberi Gavani Dias (MDB), o secretário municipal de Obras, Luis Claudio da Silva, e o interventor do Hospital de Caridade, Vilmar da Silva dos Santos foram presos preventivamente. Eles foram soltos no dia seguinte e afastados das funções. Além disso, naquela ocasião, foram afastados de maneira cautelar o secretário municipal de Turismo, Angelo Sanches Thurler, o subsecretário de Obras, Osmar José Zangalli Bonetti, e Denis Roberto de O. de Souza, funcionário contratado como cargo em comissão na pasta de Obras.
Segundo a Polícia Civil, uma investigação iniciada em abril encontrou indícios de uma rede de corrupção para lavagem de dinheiro. Entre as práticas, estariam suspeitas de falsificação de documentos, crimes em licitação, ocultação de bens, desvio de materiais de construção adquiridos para reforma do Hospital de Caridade, canalização de verbas, orçamentos fraudulentos em licitações e rachadinha.
O delegado Vladimir Medeiros, titular da Delegacia de Polícia de Canela, não revela detalhes da investigação policial para não prejudicar a apuração dos delitos, apesar de não haver segredo de justiça decretado nos autos. Segundo ele, o trabalho da força-tarefa dos policiais da Operação Caritas está concentrado, atualmente, na análise do grande volume de documentos e equipamentos apreendidos na ação policial do dia 8, quando foram cumpridas pela Polícia Civil simultaneamente 176 medidas judiciais em nove cidades no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
A Operação Caritas começou em 9 de abril, quando foram apreendidos materiais de construção do Hospital de Caridade de Canela que haviam sido desviados para propriedade particular. Na segunda fase, em 30 de junho, policiais civis apreenderam uma lista com nomes de cargos de confiança que, segundo a apuração, pagavam valores em dinheiro para o partido político. Isso ocorreu após os policiais acompanharem, durante todo o dia, a atividade de recolhimento do dinheiro em diversos locais, inclusive prédios públicos. Já no dia 8 de novembro, 175 policiais civis cumpriram simultaneamente 176 medidas judiciais, que incluíram prisões preventivas, afastamentos cautelares de servidores públicos e 44 mandados de busca e apreensão em nove cidades, além de outras medidas.