O Ministério Público (MP) e a Polícia Civil do Rio de Janeiro realizam operação, nesta quinta-feira (16), para desarticular grupos extremistas que fazem apologia ao nazismo e que praticam discriminação, racismo e discurso de ódio. Pelo menos três pessoas haviam sido presas até as 7h55min.
Foram cumpridos quatro mandados de prisão e 30 de busca e apreensão nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul - são dois alvos no RS, mas ainda não há informações sobre os locais onde as ordens judiciais foram cumpridas.
Segundo o MP, durante a investigação, foi possível identificar a existência de grupos que se autodeclaram nazistas e ultranacionalistas, associados para praticar e incitar atos criminosos. Os investigados - alguns adolescentes - publicam em redes sociais e em aplicativos de mensagens diversas fotografias, imagens e textos de cunho racista, homofóbico, antissemita ou nazista e falam abertamente sobre a prática de violência contra essas populações.
De acordo com a Promotoria, a investigação mira indivíduos que praticam "atos de discriminação e preconceito em relação à raça, cor, etnia e procedência nacional, além do crime de corrupção de menores".
A ofensiva foi batizada como Bergon, em referência à freira francesa, de primeiro nome Denise, que "desafiou nazistas ao abrigar e salvar a vida de dezenas de crianças judias durante a Segunda Guerra".
De acordo com a Polícia Civil, as investigações duraram sete meses e começaram após comunicação feita pela Secretaria de Operações Integradas e a Homeland Security Investigations (HSI), agência de investigações de segurança interna dos Estados Unidos.
Em maio deste ano, um dos investigados "foi identificado por utilizar um aplicativo para espalhar o ódio e atrair simpatizantes, principalmente com ameaças contra negros e judeus", diz ainda a corporação. A Delegacia da Criança e Adolescente pediu a prisão temporária do suspeito e ainda a expedição do mandado de busca e apreensão e quebra do sigilo de dados.
"A partir da análise do material periciado pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), da Polícia Civil do Rio de Janeiro e pelo Ministério Público, foi encontrado farto material de conteúdo racista contra negros e judeus, chamando a atenção os diálogos ameaçadores, cooptação de simpatizantes, treinamento e, principalmente disseminação de ódio", informou a Polícia Civil.