
O cirurgião plástico Estevão José Rodrigues, suspeito de abusar sexualmente de pacientes em Porto Alegre, foi solto nesta quarta-feira (15) após a Justiça acatar um pedido de habeas corpus da defesa. Ele deixou a Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), onde estava detido desde 9 de novembro.
A soltura ocorre menos de uma semana após Estevão ser denunciado pelo Ministério Público por quatro crimes de importunação sexual, coação no curso do processo e corrupção ativa de testemunha, além da prática de violação de dever inerente à profissão exercida e calamidade pública. Na época da prisão, foi apontada a suspeita de prática de atos sexuais contra nove mulheres, em grande parte no consultório na zona norte da Capital.
O pedido de habeas corpus foi sustentado pelo fato de o inquérito policial, concluído no final de novembro, apresentar delitos menos graves do que os apontados inicialmente. Além disso, segundo o advogado de defesa Gustavo Nagelstein, não há motivos que justifiquem a prisão preventiva.
— Conseguimos provar que ele merece responder em liberdade, agora vamos provar a sua inocência— afirma Nagelstein.
Além dos crimes de importunação sexual, Estevão é investigado por ameaçar ou oferecer vantagens para que não apresentassem relatos contra ele. A defesa alega que trata-se de uma armação arquitetada pela ex-secretária, que esteve entre as primeiras depoentes.
Conforme o Ministério Público (MP), o médico pediria para as pacientes tirarem a roupa durante o atendimento, sem necessidade, para poder praticar atos libidinosos. Durante ação da Polícia Civilm foram encontrados em seu consultório lubrificantes e preservativos, alguns deles utilizados. Além disso, investigações apontam que ele manteria seu local de trabalho sob péssimas condições. O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) abriu inquérito para apurar as condutas do médico.
Questionado por GZH, o MP ainda não informou se irá recorrer da decisão de soltar o médico.
Relatos
Desde a operação que culminou na prisão de Estevão, a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) segue colhendo novos depoimentos de pessoas que afirmam terem sido vítimas do médico. Até o momento, 37 relatos já foram registrados. Outros dois inquéritos foram abertos para apurar as novas acusações: um por importunação sexual e um por lesões corporais — nesse caso, o médico responde por condutas agressivas no momento da cirurgia.





