Ganhou força, entre policiais civis, a hipótese de que um detento encontrado morto no sábado (8) na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) tenha sido assassinado. Daniel Osório da Silva Vasconcelos, 50 anos, estava numa cela junto com outros seis detentos. A morte ocorreu por volta das 14h. Os próprios apenados é que avisaram os agentes penitenciários de que o preso passava mal, com convulsões, segundo registra a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe).
À primeira vista, um mal súbito. Mas os familiares de Vasconcelos têm outra visão: estão convencidos de que ele foi assassinado. Conforme um parente do detento morto, ouvido por GaúchaZH, ele teria um ferimento no pescoço (um corte). Essa pessoa viu fotos do corpo e garante que não há sinais de enforcamento (suposição maior para um possível suicídio).
Perícias iniciais teriam mesmo indicado um ferimento interno nas proximidades da traqueia, que pode ter sido acidental ou homicídio. Ainda não foi revelado laudo conclusivo sobre a morte. Vasconcelos cumpria prisão preventiva por suspeita de abuso e violência doméstica, algo que ele negava sempre. O detento estava em um local menos próximo à massa carcerária e específico para aqueles que correm risco, chamado seguro, e não era ligado a qualquer facção.
O familiar ouvido pela reportagem diz que Vasconcelos mandou bilhetes nos quais falava que tinha sido ameaçado dentro da prisão.
— Numa das cartas ele diz que o ambiente estava ficando pesado na cadeia. Depois não mandou mais notícias. Pedimos por ele na administração da Pecan, mas não recebemos mais informações — reclama o parente de Vasconcelos.
O familiar do detento ouviu falar que um dos presos da cela onde ocorreu a morte foi transferido para o Complexo Prisional de Charqueadas, como precaução para a investigação. A informação é negada pela Susepe.
Essa foi a terceira morte registrada na Pecan desde que a penitenciáira foi inaugurada, em março de 2016. Os dois primeiros casos foram assassinatos. O delegado regional da Polícia Civil em Canoas, Mário Souza, confirma que a hipótese de homicídio é bastante forte em relação ao caso de Vasconcelos, mas aguarda depoimentos dos outros ocupantes da cela e de agentes e também as perícias para esclarecer o caso.
CONTRAPONTO
O que diz a Susepe
A Susepe ressalta que Vasconcelos estava em uma galeria do seguro (ou seja, de presos com perfis similares aos dele) e que jamais a direção da Pecan soube que ele estivesse ameaçado de morte. O detento tampouco teria solicitado seguro de vida. Sobre o corte no pescoço, a Susepe informa que ainda não obteve o laudo da necropsia, mas conforme informação da segurança penal, o corpo não possuía nenhuma lesão aparente. As autoridades do sistema penitenciário também dizem que não ocorreu transferência de apenados. Com relação a bilhetes ou cartas que indicassem ameaças, a Susepe afirma que não foi avisada sobre isso, nem pelo detento, nem por seus familiares.