Mais de 30 pessoas prestaram depoimento à Polícia Civil sobre o assassinato de Rafael Mateus Winques, 11 anos, em Planalto, no norte gaúcho. Segundo a Polícia Civil, entre elas estão familiares mais próximos, professores, a diretora da escola, pais de amigos do garoto e o namorado da mãe. Alexandra Dougokenski confessou ter matado o filho e ocultado o cadáver.
Uma força-tarefa de delegados reforça a investigação, na tentativa de elucidar o crime e dar conta da grande quantidade de versões ouvidas. Algumas pessoas foram chamadas a depor mais de uma vez: Alexandra, seu namorado, a avó e o irmão de Rafael.
Além do delegado de Planalto, Ercílio Carletti, está na cidade a delegada Caroline Bamberg, responsável pela investigação do caso Bernardo Boldrini, o diretor de investigações do Departamento de Homicídios, Eiberth Moreira Neto, e a delegada Aline Palma, que trabalha na região. As ações da força-tarefa ainda são acompanhadas pelo Ministério Público.
A próxima semana deve ser decisiva na investigação, quando deve ocorrer a reconstituição do crime, com especialistas do Instituto-Geral de Perícias (IGP), de acordo com o diretor do Departamento de Polícia do Interior, delegado Joerberth Nunes. Os peritos pretendem realizar o trabalho durante a madrugada, para simular a mesma luminosidade do dia dos fatos, e um boneco do mesmo tamanho de Rafael será usado.
Segundo o diretor da Polícia Civil, faltam ainda o resultado de alguns laudos periciais sobre o crime. Depois disso, os delegados terão condições de tornar público os detalhes da investigação.
— Nesta semana, chegarão os vários laudos periciais dos aparelhos telefônicos analisados e periciais em geral. Laudo de necropsia, DNA e laboratoriais — resumiu o delegado.
Desde 25 de maio, quando a mãe do garoto revelou a localização do corpo, após mais de 10 dias de busca sem que ela tivesse admitido a morte, investigadores tentam desvendar se ela agiu sozinha.
Relembre o caso
Rafael desapareceu em 15 de maio, em um mistério para a população de Planalto. A mãe dizia que ele havia saído de casa e ninguém mais havia o visto. Dez dias depois, com intensas buscas do Corpo de Bombeiros e Brigada Militar, ela revelou em um longo depoimento que matou o filho e escondeu o corpo.
A própria mulher levou os agentes até a localização do cadáver — que estava em uma caixa de papelão numa casa vazia ao lado da sua. Os proprietários estavam viajando e disseram que nada viram.
A versão da mãe é de que medicou diazepam para o garoto, que estaria agitado, mas ele passou mal. O advogado dela, Jean Severo, diz que "desesperada", ela enrolou o garoto em uma corda e o arrastou para esconder o corpo.
Um laudo do Instituto-Geral de Perícias, no entanto, confirmou a morte por asfixia, o que contraria a versão da mulher. A defesa contrapõe argumentando que isso ocorreu enquanto ela transportava o corpo. A versão não convence os investigadores.