O advogado Jean Severo assumiu a defesa de Alexandra Dougokenski, 32 anos, presa temporariamente após confessar ter matado o filho Rafael Mateus Winques, 11 anos, em Planalto, no norte do Estado. O defensor trabalhou no julgamento do caso Bernardo Boldrini, em Três Passos, para Edelvânia Wirganovicz, amiga da madrasta do garoto e condenada a 22 anos e 10 meses de prisão.
Severo e outros dois advogados de sua equipe estiveram, na noite de terça-feira (26), na prisão onde Alexandra está. Segundo ele, em conversa reservada, a cliente se mostrou "extremamente abalada".
— Ela está sofrendo muito. Chorou muito em nossa conversa e, agora, a gente vai trabalhar para mostrar que o que ocorreu foi um homicídio culposo (sem intenção) — garantiu o advogado.
Severo ainda afirmou que em "momento algum" Alexandra "teve a intenção de matar" o filho ao medicar Diazepam, um medicamento para ansiedade. Questionado sobre o laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) que mostrou que a morte de Rafael foi por asfixia mecânica por estrangulamento, o advogado rebateu dizendo que isso pode ter ocorrido "no transporte do corpo" e que o menino "não foi esganado".
Já sobre o fato de a mãe ter escondido o corpo, o advogado disse que "ela tomou a decisão errada" em função do abalo psicológico.
— Por medo, uma série de fatores emocionais, ela toma a decisão errada. Para ver que foi algo sem premeditação, ela escondeu o corpo dentro de caixa de papelão a 10 passos da casa dela. A pessoa fica com medo de ficar longe do outro filho, de ser julgada como está sendo agora — pontuou.
O advogado ainda reforçou que todos os familiares, vizinhos e amigos da família ouvidos até agora mostram que não haveria nenhum problema entre a mãe e o filho:
— Foi um homicídio culposo. Ela sempre foi uma ótima mãe, nunca houve histórico de briga na família. Foi uma grande fatalidade, mais uma tragédia familiar.
O defensor também refutou a comparação feita pelo delegado Joerberth Nunes, diretor do Departamento de Polícia do Interior, entre a morte de Rafael e a do menino Bernardo, ocorrida em 2014.
— A polícia está errando em comparar com o Caso Bernardo. (A morte do Rafael) É um crime que sequer tem motivação. Qual é a (motivação) desse crime? O Caso Bernardo é completamente diferente. Se sabe o histórico de brigas entre pai e madrasta. Esse fato, homicídio culposo, qual é a motivação que a mãe ia ter para matar esse menino? É um completo absurdo a comparação — criticou.
Sem condições financeiras por parte de Alexandra, o trabalho do advogado será feito voluntariamente. Severo disse ter se apresentado porque "gosta de auxiliar quem não possui voz" e que sua vida é o júri.