Uma cidade incrédula. Assim está a pequena Planalto, de 10 mil habitantes, no Norte do Estado, desde que descobriu que o menino Rafael Mateus Winques, desaparecido há 10 dias, havia sido morto e que a mãe, Alexandra Dougokenski, 32 anos, confessou o crime. Na tarde de segunda-feira (25), ela confessou à Polícia Civil participação no assassinato e alegou uso exagerado de medicamentos na criança. Ainda na manhã desta terça-feira (26), o Instituto Geral de Perícias (IGP) confirmou que Rafael morreu estrangulado.
— Hoje não conseguimos fazer nada, parece que a vida não andou. É como se a gente tivesse parado no tempo tentando entender o que está acontecendo. Tenho vontade de seguir procurando por ele — afirma a professora Edi Polesso Marmentini, que conhecia a mãe do menino.
No final da tarde, a cidade ainda permanecia em silêncio. Uma faixa preta e um cartaz foram fixados em frente ao Instituto Estadual de Educação Padre Vitório, onde o menino cursava o 6º ano. Diretora da escola, Maria Cristina Rossi afirma que a turma de Rafael está consternada. Os coleguinhas não tiveram coragem de se despedir do amigo. Após 10 dias de buscas pelo paradeiro do garoto, ela se diz exausta com a revelação do crime:
— Está todo mundo consternado. A gente sabia que tinha algo por trás do sumiço dele, mas não achávamos que a mãe estava envolvida. É algo inaceitável. Estamos em pânico. Alunos e professores não tiveram condição de ir no velório de tão abatidos. Nossa escola não será mais a mesma. Vamos voltar para a sala de aula e não teremos mais ele. É triste demais.
Pelas redes sociais, uma manifestação foi organizada assim que a notícia da morte de Rafael foi confirmada, no começo da noite de segunda-feira (25). Por volta das 17h desta terça-feira, as poucas pessoas que se reuniram em frente à Igreja Matriz falavam baixo e pareciam não entender o que se passava. Planalto está tentando digerir a morte de Rafael.
Centenas de carros com balões brancos e faixas pretas saíram rumo à Avenida Duque de Caxias, principal via da cidade, indo até a Delegacia de Polícia. Por meia hora, a carreata seguiu sem buzinas.
Quem não estava nos veículos espiava com olhar abalado pelas janelas das casas. As lojas que ainda estavam abertas fecharam as portas para os funcionários acompanharem a manifestação da calçada.
A um quilômetro dali, a casa onde o corpo do menino foi encontrado está isolada pela polícia. A residência fica na Rua Siqueira Campos, a mesma via onde se localizam a Delegacia de Polícia, o Fórum e o Conselho Tutelar. O cenário onde o corpo de Rafael foi encontrado é um imóvel pequeno de tijolo à vista, rodeado por sete árvores em um pátio bem cuidado, com grama recém-aparada.
— É uma coisa tão cruel. Eu só espero que ele esteja bem — afirma a professora da pré-escola de Rafael, Luciele Zaleski.
Na cidade, a principal dúvida da população é a mesma que ainda intriga a polícia: a confissão da mãe.
— Era uma mulher normal, levava-o na escola. Não era uma pessoa que podia dizer que era má — afirma a professora Edi.