Em novo depoimento à Polícia Civil, Alexandra Dougokenski, presa de forma temporária pela morte do filho, manteve a versão que já havia apresentado. A mulher afirmou novamente que matou o filho Rafael Mateus Winques, 11 anos, de forma acidental e escondeu o corpo. Ela alega que fez isso sozinha. A criança foi encontrada morta no fim da tarde de segunda-feira (25) em Planalto, no norte do Rio Grande do Sul.
Segundo o delegado Ercílio Carletti, que conduz a investigação, a mulher foi ouvida na manhã desta quarta-feira (27) no presídio onde está detida. O novo depoimento foi tomado por policiais de Iraí, já que é neste município que ela está presa.
— Ela manteve a mesma linha que ela havia confessado. Excluiu a participação de outra pessoa e afirma que a morte aconteceu pelo uso de medicação — relatou o delegado.
Alexandra alegou à polícia que na quinta-feira, dia 14 de maio, brigou com o filho porque ele não queria deixar o celular e dormir. E, por isso, tirou o aparelho dele e deu dois comprimidos de Diazepam para o menino se acalmar. A mulher diz que percebeu durante a madrugada que o garoto estava morto e, por isso, escondeu o corpo na garagem de uma casa vizinha a deles.
Ainda conforme o delegado, apesar da versão dela, a polícia segue apurando o caso como homicídio doloso. Também é investigado se houve participação de outra pessoa no crime — no momento, duas estão sob investigação.
A análise inicial realizada pelo Instituto-Geral de Perícias apontou que o menino foi morto por estrangulamento — o que contraria a versão da mãe. No novo depoimento, segundo o delegado Carletti, a mulher não admitiu ter asfixiado o filho. Ela afirma que usou cordas e fios para transportar o corpo da criança.
A polícia decidiu solicitar o novo depoimento porque há previsão de transferência de Alexandra para unidade prisional na Região Metropolitana. Os advogados responsáveis pela defesa da mulher estiveram na Delegacia de Polícia de Planalto. A defesa sustenta que o caso se trata de um homicídio culposo.
Reforço policial
Para auxiliar na investigação da versão apresentada pela mãe de Rafael, a Polícia Civil está enviando novo reforço para Planalto. Nesta quarta seguiram para o município o delegado Eibert Moreira Neto, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre, e mais um agente. Já tinham sido encaminhados para o norte do RS dois policiais do Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), especializados em investigar o desaparecimento de crianças e adolescentes.
Além destes policiais, a delegada Caroline Bamberg Machado, que esteve à frente da investigação da morte de Bernardo Boldrini, em abril de 2014, deve reforçar a equipe em Planalto nos próximos dias. Antes de o corpo de Rafael ser localizado, a Polícia Civil já havia previsto o auxílio da policial, por conta da semelhança entre os crimes.
No caso de Bernardo, o pai, a madrasta e mais duas pessoas acabaram sendo condenados pelo assassinato. Assim como Rafael, o menino tinha 11 anos quando foi morto. O caso, na época, também chegou à polícia como um desaparecimento.
A defesa de Alexandra está sendo realizada pelo advogado Jean Severo, que sustenta a tese de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O criminalista é o mesmo que atuou na defesa de Edelvânia Wirganovicz, envolvida na morte do menino Bernardo Boldrini. Amiga da madrasta do menino, ela foi condenada no ano passado pelo crime.
Sobre o depoimento de Alexandra, Severo afirmou que os advogados não foram informados pela polícia sobre a realização desta oitiva e que, por isso, a cliente não pode ser acompanhada por eles. Já a Polícia Civil disse que, quando fez o pedido de novo depoimento, ainda não havia sido avisada que a presa tinha constituído defesa.