A Polícia Civil divulgou nesta sexta-feira (29) áudios, vídeos e mensagens de texto de integrantes de duas facções de Porto Alegre que disputam pontos de venda de drogas. A guerra entre os dois grupos se intensificou em fevereiro, com a morte de um bebê, e culminou em oito homicídios em um intervalo de 36 horas em maio.
A chamada Operação Maio Vermelho confirmou que os suspeitos ostentavam armas e trocaram ofensas de dentro do Presídio Central. Os investigados diziam — durante ameaças — que, para cada morto de um grupo, outros 10 seriam assassinados.
A investigação foi coordenada pela diretora do Departamento de Homicídios da Capital, delegada Vanessa Pitrez. Segundo ela, as disputas por pontos de tráfico tiveram um estopim no dia 2 de fevereiro deste ano, quando quatro homens atiraram contra várias pessoas na Rua Paulino Azurenha, na Vila Maria da Conceição. Eles, que integram grupo criminoso com base na zona sul da cidade, mataram o bebê Emanuel Alessandro Costa dos Santos, de um ano, e feriram quatro adultos. Após este confronto, começaram a ocorrer ameaças e os investigados passaram a adquirir armas.
— Vídeo, divulgado pela polícia, mostra suspeitos se preparando para atacar rivais:
Homicídios
Depois da gravação dos vídeos, agentes do Departamento de Homicídios confirmaram que ocorreram oito assassinatos e 12 tentativas em apenas 36 horas, entre os dias 2 e 4 deste mês. Houve três duplos homicídios. Em um dos casos, no bairro Bom Jesus, as mortes causaram confusão e a Brigada Militar precisou usar bala de borracha para dispersar a multidão.
— Eles agem com extrema violência, não se importam com quem está no local, atiram em plena via pública e alguns dos atingidos eram inocentes — explica Vanessa.
— Áudios, também repassados pela polícia, mostram os criminosos falando de assassinatos no bairro Bom Jesus e combinando outros crimes:
Prisões
Durante a operação Maio Vermelho, a polícia prendeu três suspeitos, sendo um deles apontado por envolvimento em 10 homicídios. Também houve a apreensão de dois adolescentes investigados por assassinatos e foram identificados os dois homens apontados como mandantes das execuções — um apenado do regime prisional fechado e outro do semiaberto.
Ainda há dois homens foragidos. Durante o cumprimento de mandado de prisão de um dos integrantes das facções, um policial civil foi recebido a tiros, mas não se feriu.
Durante o período de investigação, foram apreendidos 40 celulares, sendo dois aparelhos de dois dos presos e o restante de integrantes dos grupos rivais que estão detidos no Presídio Central.
— Um vídeo — gravado por um dos telefones — mostra ameaças e agito nas galerias nos dias em que as mortes ocorreram:
Buscas
As últimas ações da operação do Departamento de Homicídios ocorreram entre a noite de quinta-feira e a madrugada desta sexta. Um helicóptero foi usado pelos agentes para monitorar o cumprimento de mandados judiciais na Vila Cruzeiro e no Morro Santa Tereza, na Zona Sul. Foi nesta ação que dois adolescentes envolvidos na disputa de facções foram apreendidos.
A investigação continua e, por isso, os nomes dos suspeitos não foram divulgados. A delegada Vanessa explica que os mandantes das execuções, que já estão no sistema prisional, também serão responsabilizados na conclusão do inquérito. Segundo ela, esta foi apenas a primeira fase da operação.