A Justiça definiu que dois dos três réus pelo assassinato da modelo Nicolle Brito Castilho da Silva, em junho de 2017, serão levados a júri. O entendimento de que eles devem ser julgados por um grupo de cidadãos da cidade onde a modelo morava, Cachoeirinha, foi confirmado na segunda-feira (10).
A sentença de pronúncia - decisão judicial que confirma o júri - fará os dois réus responderem pelos mesmos crimes que o Ministério Público os denunciou: homicídio doloso e destruição de cadáver. O assassinato é agravado por motivo torpe, mediante dissimulação e com emprego de tortura.
Uma das rés que irá a júri é a então companheira do homem identificado como o mandante do crime, Tamires Modesto dos Santos. A investigação da Polícia Civil apontou que ela teria sido uma das pessoas responsáveis pela trama que levou ao sumiço de Nicolle. O outro acusado é um homem que, conforme o MP, participou do sequestro e execução da modelo, José Carlos Rios Filho.
Ainda não há data para o júri. O processo contra os dois corre sob segredo de Justiça.
O homem apontado nas investigações como mandante do homicídio responde a processo separado e ainda não houve confirmação de que irá a júri. Michel Renan Bragé de Oliveira foi preso em janeiro de 2019 e também é acusado de outros homicídios, como o da menina Alice Beatriz, de um ano, morta com o pai e a mãe após uma festa de aniversário em Porto Alegre, em setembro de 2018.
GaúchaZH tenta contato com a defesa dos citados.
O caso Nicolle
A jovem sumiu em junho de 2017, após entrar em um carro branco próximo de sua casa, em Cachoeirinha, e nunca mais foi vista. Após um ano de investigação e diversas versões apuradas, o delegado Leonel Baldasso finalizou a investigação e afirmou que Nicolle fora sequestrada, assassinada e o seu corpo, que nunca foi encontrado, jogado no Guaíba.
Para o MP, um apenado do Presídio Central de Porto Alegre determinou a morte de Nicolle por vingança, convencido de que ela havia contado a rivais o endereço onde estava um comparsa de sua facção, que acabou assassinado com a companheira dias antes do sumiço da modelo. A namorada desse detento teria conseguido o endereço de Nicolle e "instigado" o criminoso a ordenar o crime.
"Ciente da ordem, o terceiro denunciado (executor) e outros indivíduos, mediante dissimulação, atraíram a vítima do interior de casa, usando pessoa conhecida (ainda não identificada) e, na sequência, raptaram-na, levando-a ao local onde passaram a torturá-la com agressões físicas, causando-lhe intenso sofrimento até sua morte", revela trecho da denúncia.
Em outubro de 2019, uma mulher abordada por policiais em São Paulo se identificou como a modelo desaparecida. O relato resultou em nova investigação por parte da polícia, que entendeu uma outra pessoa se passou por Nicolle, por motivos desconhecidos.