O principal desafio da polícia para chegar ao autor da série de ataques com ácido ocorridos na zona sul de Porto Alegre é identificar e localizar um HB20 branco usado pelo responsável. Alvos do criminoso há quase duas semanas, quatro mulheres e um adolescente sofreram queimaduras, inclusive no rosto.
O carro foi utilizado em quatro casos nos bairros Nonoai e Hípica — no primeiro, o autor estava de bicicleta. Por meio de imagens captadas pelas câmeras de residências, investigadores traçaram a rota feita pelo veículo. Mas ainda não descobriram a placa do automóvel.
Em 21 de junho, quando três mulheres e um adolescente foram atacados nas ruas Francisca Prezzi Bolognesi, no Hípica, e Santa Flora, no Nonoai, 12 mil veículos circularam pela zona sul da Capital na primeira hora da manhã. É desse universo que os investigadores tentam identificar o carro branco que teria sido usado nos crimes. A polícia ainda não sabe se o HB20 pertencia ao autor ou teria sido roubado.
— A lógica me diz que ninguém vai roubar ou furtar um carro para sair atirando ácido nas pessoas. Mas vai usar o próprio carro para cometer um ato desses? Alguém que atira ácido nas pessoas na rua não necessariamente segue lógica. Precisamos trabalhar com essas duas possibilidades — explica o delegado Luciano Coelho, da 13ª Delegacia de Polícia.
As pistas
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Caça ao veículo
A localização do veículo é a principal aposta da polícia para chegar ao autor. Investigadores vêm cruzando os dados obtidos por meio de imagens de câmeras com os de veículos que circularam na região naquela manhã. Os policiais checaram dezenas de automóveis do mesmo modelo. Uma das suspeitas é que o automóvel possa ter sido roubado.
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Rota dos ataques
O trajeto feito pelo veículo entre os ataques no Hípica e no Nonoai foi mapeado, a partir de imagens de câmeras. Nenhum equipamento apresentou qualidade para identificar a placa do veículo. Há vídeos de quatro ataques — um deles, ocorreu em uma parada de ônibus. Novas gravações foram encaminhadas para o Departamento de Criminalística do Instituto Geral de Perícias (IGP) nesta semana.
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O perfil do autor
O delegado acredita que um mesmo autor cometeu todos os ataques. Sabe-se que era um jovem branco. Os três casos na Rua Santa Flora levam a polícia a suspeitar que resida perto dali.
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As vítimas
Um dos pontos investigados é se as vítimas foram escolhidas aleatoriamente. Nos cinco casos, quatro mulheres e um adolescente, de 17 anos, foram feridos. Segundo a polícia, nenhum deles se conhecia. O delegado acredita que o autor agiu sem alvo específico e que escolheu pessoas que estavam vulneráveis, caminhando sozinhas.
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A substância usada
A origem da substância usada foi um dos aspectos apurados. Caso a comercialização fosse restrita, poderia restringir o círculo de pessoas que poderiam ter acesso ao material. No entanto, a análise do Instituto-Geral de Perícias (IGP) identificou o líquido como ácido sulfúrico, vendido sem restrição no comércio. Está presente, por exemplo, no fluido de bateria. O dano à saúde depende da concentração.
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Boatos x informações
Chegaram até os policiais cinco informações falsas de ataques. O delegado pede que quem puder contribuir com o caso de entrar em contato pelos telefones 197 e (51)3242-1108.
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Carta arremessada
A polícia investiga o arremesso de uma carta, enrolada em uma pedra, contra uma casa no bairro Cavalhada. Havia ameaças e instruções para jogar ácido em pessoas. Câmeras registraram um homem correndo e atirando a mensagem. A polícia apura se o fato ocorreu para tentar confundir a investigação ou se possui vínculo com os ataques.