Segundos antes do quinto ataque com líquido ácido na zona sul de Porto Alegre, um veículo que teria sido usado pelo agressor foi flagrado por câmeras de segurança. As imagens foram registradas por equipamentos na Rua Santa Flora, no bairro Nonoai, na manhã de sexta-feira (22). Somente naquela rua, foram três casos.
Há mais de uma câmera no local, mas por nenhuma delas seria possível visualizar a placa do carro. Um dos vídeos foi gravado às 7h40min. Ele mostra a vítima caminhando e na sequência o automóvel, identificado como um HB20, passando na mesma direção.
O motorista chega a parar por alguns segundos e depois continua. Segundo o delegado Luciano Coelho, da 13ª Delegacia de Polícia, que está concentrando as investigações dos casos, a vítima foi atingida pouco tempo depois. As imagens foram disponibilizadas pela proprietária das câmeras para as investigações.
De dentro do carro, próximo a uma parada de ônibus, o homem atirou a substância na vítima, que caminhava na calçada — no local do ataque, não haveria câmeras. Quando ele reduziu, a mulher relatou à polícia que chegou a pensar que fosse ser assediada, mas o criminoso jogou o líquido em sua direção.
Assim como em outros casos registrados, parte da substância corroeu o casaco de moletom que ela usava. A vítima sofreu queimaduras no pescoço e no rosto, perto dos lábios. As roupas serão encaminhadas para perícia para tentar identificar a substância usada. Entre quarta-feira (19) e sexta-feira, cinco pessoas — quatro mulheres e um homem — procuraram a Polícia Civil relatando ter sofrido queimaduras. Até o momento, o autor ainda não foi identificado.
Polícia acredita que seja o mesmo autor
Embora em um dos casos o criminoso estivesse de bicicleta, o delegado acredita que a mesma pessoa tenha cometido os crimes. A semelhança na forma dos ataques leva a polícia a suspeitar que ele tenha passado a usar outra forma de locomoção na manhã de sexta-feira, quando fez quatro vítimas em sequência.
— Acredito que se trata da mesma pessoa. Estamos apurando — relatou Coelho.
Além do modo de ataque, no qual gritou "olha a água", antes de atingir as vítimas, o autor agiu contra pessoas que estavam sozinhas caminhando na calçada. Em todos os casos, segundo o delegado, não haveria vínculo entre o criminoso e as vítimas. Nem mesmo ligação entre elas. Ou seja, as pessoas teriam sido escolhidas de forma aleatória.
Conforme o delegado, não foi possível fazer um retrato falado do suspeito porque os elementos descritos pelas testemunhas ouvidas na 13ª DP não eram suficientes. Na segunda-feira, quando as demais prestarem depoimento, a polícia espera conseguir mais detalhes.
— As três pessoas que conversamos não têm elementos suficientes para o retrato. A ação foi muito rápida — afirmou o delegado.