Há uma semana a investigação da morte de Ohanna Fagundes Dias dos Santos, 19 anos, tem deixado ainda mais movimentada a Delegacia da Mulher, no Palácio da Polícia, em Porto Alegre. O corpo dela foi localizado em um vão do Túnel da Conceição na manhã de terça-feira (11) com sinais de violência sexual.
Para encontrar o autor do crime, os investigadores investem em uma série de técnicas. Só de perícias, foram solicitadas oito tipos diferentes. Uma delas procura identificar resquícios genéticos do agressor embaixo das unhas da vítima, já que foi constatado luta corporal entre os dois. A técnica é conhecida como coleta de material subungueal.
Também foi encaminhada para a perícia a pedra encontrada ensanguentada ao lado do corpo. Conforme a delegada Tatiana Bastos, responsável pela investigação, a perícia já adiantou que, pelas ranhuras e fragmentos da pedra localizados no corpo de Ohanna, o objeto foi utilizado no crime. Entretanto, ainda não é possível afirmar que tenha sido a causa principal da morte, o que deve ser apontada em outra perícia.
O corpo de Ohanna também passou por análise para identificar o consumo de drogas ou bebidas alcoólicas. Outra perícia vai apontar ainda se houve, de fato, violência sexual. Um outro laudo constatou que ela foi morta entre 5h e 6h de 11 de junho.
No mesmo dia do crime, investigadores já começaram a fazer varredura para localizar câmeras de seguranças que pudessem ter flagrado os últimos passos de Ohanna. Ao todo, foram obtidas gravações de mais de 10 pontos, entre comércios, prédios residenciais e de órgãos públicos. Em alguns locais foi necessário levar técnicos especializados da polícia para fazer a extração do material. Na última quinta-feira (13), começou a análise das imagens, o que ainda não tem prazo para ser concluída.
— Por enquanto não encontramos nada de relevante nas câmeras — observa a delegada.
Mais de 10 pessoas foram ouvidas, entre amigos e familiares, além de pessoas que conviviam com ela. Nesta terça-feira (18), vão ser tomados os depoimentos de cinco pessoas. Para a delegada, a investigação é considerada como "complicada" devido ao contexto de tráfico de drogas no qual está inserida a região onde ela foi encontrada morta e por não ter sido localizada testemunha que tenha visto Ohanna na noite de segunda-feira, horas antes do crime.
Familiares da vítima relataram que ela saiu de casa no sábado e não voltou mais. Ela morava com a mãe, o padrasto e o filho de três anos no bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre. Segundo a delegada, ela costumava voltar, o que acabou não acontecendo. Além disso, a vítima estava havia mais de um mês sem celular. Quando precisava fazer ligações, usava o telefone da mãe ou de amigos.
O caso é tratado pela polícia como feminicídio, devido ao tipo de lesão e à violência sexual.