A ex-secretária do médico Leandro Boldrini, Andressa Wagner confirmou durante o julgamento em Três Passos, na tarde desta terça-feira (12), que Graciele Ugulini chegou a afirmar que precisava “dar um fim” em Bernardo Uglione Boldrini. Ela foi a quarta testemunha a ser ouvida no júri pela morte de Bernardo Uglione Boldrini, em Três Passos. O depoimento se iniciou pouco antes das 15h.
— Ela falou que dinheiro tinha para dar um fim no guri — respondeu Andressa ao Ministério Público (MP), sobre suposta fala da madrasta de Bernardo antes do crime.
A ex-secretária confirmou que Graciele se referia a Bernardo como “estorvo”. Andressa contou que Graciele pedia que ela “expulsasse” Bernardo do consultório. Mas afirmou que isso seria para que o menino fosse para casa estudar. Ela negou que Bernardo não tivesse roupas adequadas, como foi descrito por outras testemunhas. Disse que o menino andava com boas vestimentas, calçados e portava chave com controle da residência.
— Não é que ela maltratava, só que ela dizia que não era o lugar dele. Mandava ir pra casa, pegar os livros e estudar — disse.
A promotora Sílvia Jappe usou a expressão “vou lhe refrescar a memória” no momento em que Andressa disse que não recordava dos depoimentos prestados ao longo do caso. O advogado de defesa de Graciele fez uma interrupção.
— É um escárnio com alguém que está aqui para colaborar com o Judiciário — disse Vanderlei Pompeo de Mattos.
A Promotoria exibiu assinaturas de Boldrini para que Andressa reconhecesse se são do médico. O objetivo era demonstrar se a assinatura na receita de midazolan, substância que teria sido aplicada em Bernardo no dia da morte, em nome de Edelvânia.
— Ele variava muito nas assinaturas — respondeu Andressa, após não conseguir precisar quais seriam de autoria do médico.
Boldrini permaneceu com olhos fixos em Andressa Wagner durante o depoimento no julgamento. Questionada pela defesa do médico sobre como era a rotina de Boldrini, a ex-secretária descreveu o ex-patrão como alguém dedicado ao trabalho:
— A vida dele era voltada à profissão.
A ex-secretária chorou quando advogado questionou sobre o motivo dela não querer ser fotografada durante julgamento. Ela hoje trabalha como manicure e reside em outro município.
— Terminaram com a minha vida — disse Andressa ao advogado Ezequiel Vetoretti, sobre laudo feito por perito particular que apontou que a ex-secretária teria sido responsável por forjar carta de suicídio de Odilaine Uglione, mãe de Bernardo, morta em fevereiro de 2010, com disparo dentro de consultório do marido.
O advogado criticou o fato de o laudo ter permitido a reabertura do caso, que acabou sendo concluído novamente como suicídio. Ficou confirmado na investigação que o documento foi escrito pela mãe do menino.
— Quem rearquivou o caso fui eu — respondeu o promotor Bruno Bonamente.
— Só podia ser o senhor, a autoridade responsável — afirmou Vetoretti, do outro lado da sala.
A juíza Sucilene Engler interrompeu a discussão e pediu que a defesa desse seguimento às perguntas. O promotor afirmou que o momento não era de debate.
— O senhor me tira para dançar e me dá um carão — retrucou Vetoretti, após o momento de tensão.