A moradia na Rua Inácio Kohler, no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, onde Eduarda Herrera de Mello, nove anos, foi raptada em 21 de outubro, era, até então, vista como local seguro. A menina foi levada da frente de casa e encontrada morta no dia seguinte dentro do Rio Gravataí, às margens da RS-118, em Alvorada. Quatro meses depois, o caso ainda não teve um desfecho.
A família de Duda, como era chamada a menina, já havia passado por outros bairros, na Zona Leste e também na zona norte de Porto Alegre. Chegaram ao bairro Rubem Berta, em busca de tranquilidade.
Antes disso, residiram no bairro Mario Quintana, mas a mãe começou a achar o lugar inseguro. Um dia, deparou com um homicídio perto de casa. Pensou que não era um bom lugar para que os filhos crescessem. Mudaram-se para o bairro Agronomia, na Zona Leste. Por lá também, não encontraram sossego.
— A gente mudava para conseguir um lugar melhor. Mas, muitas vezes, onde a gente podia pagar o aluguel não era seguro — conta.
Em nova tentativa, chegaram ao bairro Rubem Berta. Pensaram que finalmente estavam em segurança. Por um ano, moraram no endereço onde Duda acabaria sendo raptada.
— Se a gente imaginasse. A rua era calma, não tinha crianças correndo na rua. A gente acreditava que era seguro — conta.
Trocaram de endereço outra vez, após a morte da menina. A casa ficava lotada de curiosos, em busca de informações. Depois da perda, planejam nova mudança. Dessa vez, querem seguir para Santa Catarina, onde esperam recomeçar a vida. Mas antes disso, a mãe queria ver o desfecho do caso.
— Fico me perguntando, me culpando. Por que deixei? Todo dia eu falava: não vai para rua, não vai — chora.