Durante dois anos, mais de 300 mil pessoas foram abordadas pelos agentes da Força Nacional, o que equivale a toda a população de Gravataí – quinta cidade mais populosa do Estado. Além disso, quase 400 foram presas em flagrante e mais de 150 adolescentes foram apreendidos. O efetivo também conseguiu tirar das ruas pelo menos 130 armas.
A Força Nacional chegou ao Estado em 28 de agosto de 2016 após a representante comercial Cristine Fonseca Fagundes, 44 anos, ter sido morta na frente da filha enquanto aguardava outro filho sair do colégio. O crime provocou indignação de moradores da Capital e gerou a saída do então titular da Segurança Pública, Wantuir Jacini. Em seguida, Sartori pediu tropas da Força Nacional.
A vinda de agentes da Força Nacional ao Estado é uma contrapartida da cedência de servidores gaúchos para atuarem na tropa, procedimento que ocorre desde 2012. O major Harrisom Moreira trabalha há um ano e sete meses junto aos boinas vermelhas.
Apesar do pouco tempo, Porto Alegre é a terceira cidade de destino do oficial potiguar, que atua há 22 anos na Polícia Militar. Já passou por Belém e Rio de Janeiro. Acostumado com altas temperaturas, estranhou o frio em dezembro na capital gaúcha. O calor não é o que mais sente falta e sim a família. Ele e a mulher têm um casal de filhos.
— No Natal, estarei lá para matar a saudade.
GaúchaZH tentou conversar com outros integrantes da tropa para saber da rotina deles no Estado. Alegaram que não estavam autorizados a passar informações pessoais. Por motivos de segurança, o comandante da tropa não revela quantos agentes estão na cidade.
— Avalio como altamente positiva a presença deles na Capital: uma delas é que representa reforço operacional. São 200 pessoas experientes, bem equipadas e com condições de realizar um trabalho que apresenta resultados positivos. Isso custou nada para o governo — analisa Cezar Schirmer, secretário da Segurança.
Especialistas têm opiniões divergentes
Para o sociólogo e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, a vinda da Força Nacional foi apenas uma das medidas tomadas para reverter a criminalidade no Estado, impactando a redução de indicadores como latrocínios e homicídios. O pesquisador cita o deslocamento de policiais do Interior para a Capital e a transferência de líderes de facções para prisões federais.
— Uma série de medidas foi tomada. Não dá para isolar esses dados (da queda nos indicadores de criminalidade) com a presença da Força. Claro que não há dúvidas do impacto da Força Nacional na sensação de segurança devido ao policiamento ostensivo. Mas a gente não pode deixar de considerar a diferença salarial desses agentes com os servidores locais.
Professor aposentado de sociologia e pesquisador de segurança pública, Juan Mario Fandino Marino diz que ainda é difícil mensurar o impacto da Força Nacional na capital devido à “situação tão dramática” de insegurança que vive o Estado. O estudioso pondera que, passados mais de dois anos, pouco se fala de alternativas para suprir a lacuna que será deixada caso os boinas vermelhas deixem Porto Alegre.
— Aqui temos organização criminal de altíssimo poder e estamos tentando combater de maneira totalmente desigual. A meu ver, não podemos, em situação de crise, deixar de utilizar arsenal militar. Temos de apostar nisso. É um aprendizado — salienta.