De forma repentina, a principal entrada da comunidade é cercada de policiais, com fuzis em punho. De três viaturas, descem 10 policiais da Força Nacional. Inicialmente, os agentes monitoram o terreno para determinar onde se posicionar e depois começam a colocação das barreiras. O local escolhido para a abordagem é um dos acessos ao Morro da Embratel, no bairro Glória, zona sul de Porto Alegre.
Para fazer o trabalho com segurança, os policiais de elite não descuidam da movimentação ao redor. E enfrentam dificuldade adicional: no ponto escolhido desembocam três ruas diferentes, uma delas subida e outra, descida.
— Qualquer coisa vocês deitam no chão — alerta à reportagem o major Harrisom Moreira, comandante da operação da Força Nacional na Capital.
Em dois anos e três meses em solo gaúcho, a cena de abordagens nas ruas de Porto Alegre dos boinas vermelhas – como são conhecidos os agentes – se tornou rotina. Conforme o comandante, a atuação da tropa ocorre em pontos “sensíveis” da cidade, identificados pela Brigada Militar.
Na sexta-feira retrasada, quando GaúchaZH acompanhou parte da tropa, a chegada dos agentes à comunidade provocou efeito que poderia passar despercebido para desatentos. No instante em que o efetivo desceu no local, as ruas estavam cheias de carros e um barzinho abarrotado de clientes, espalhados entre mesas na calçada. Minutos após o início das abordagens, o movimento arrefeceu.
– A notícia da nossa chegada já se espalhou. Quem queria sair ou entrar com armas ou drogas já não faz mais – conta o major, citando alertas por WhatsApp e outras redes sociais.
Para driblar essa situação, a permanência da barreira não passa de 20 minutos. E cada local é vistoriado mais de uma vez ao dia, em ações surpresa.
Mas antes de a tropa ir às ruas, um cronograma dos pontos de bloqueio é definido. Na sexta-feira em que a reportagem acompanhou, foram 17 locais. O trabalho começou por volta das 19h e se estendeu até as 3h.
Além das barreiras, os agentes da Força Nacional fazem abordagens aleatórias. Foi o que aconteceu na Rua Clemente Pinto, no bairro Teresópolis, quando as tropas se deslocavam de um ponto a outro. Dois homens parados em uma esquina carregando uma sacola amarela chamaram a atenção dos agentes.
A dupla é revistada e os dados são repassados a uma central – no prédio da Secretaria da Segurança Pública. Sem nada ter sido encontrado, ambos são liberados.
Nas barreiras fixas, cada agente tem função definida. Um policial faz a filtragem dos veículos ou das pessoas a serem abordadas. Para definir quem vai ser parado são consideradas atitudes suspeitas, como nervosismo, de mudança repentina de trajeto, entre outros. Parte do efetivo faz a revista e o restante cuida da segurança dos colegas, monitorando a movimentação.