Após o latrocínio de uma mãe que buscava um filho na escola, na zona norte de Porto Alegre, o governador José Ivo Sartori reconheceu que a situação da segurança pública no Rio Grande do Sul "é muito difícil" e que o esforço do governo na área "ainda não foi suficiente". Ele desembarcou por volta das 9h30min em Brasília, onde vai se reunir com o presidente interino, Michel Temer, e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. A intenção é solicitar ao governo federal o envio de tropas da Força Nacional de Segurança para atuar em presídios.
– Nós vamos ver o que é possível – afirmou Sartori.
Leia mais
AO VIVO: Após latrocínio, governo busca medidas emergenciais
Secretário da Segurança Pública do Estado pede exoneração
Editorial: "Modelo falido"
Se o governo federal atender às demandas do Piratini, a expectativa é utilizar as tropas da Força Nacional para fazer a guarda externa de presídios, liberando os brigadianos que estão na função para fazer o policiamento ostensivo nas ruas. Questionado sobre a demora em tomar a decisão, Sartori defendeu o governo lembrando que o Estado não cedeu policiais para os jogos Olímpicos.
– Nós vínhamos conversando, dialogando. Tanto é verdade que pediram efetivos nossos para participar e cuidar das Olimpíadas e nós não concedemos. Fomos até mal compreendidos naquela ocasião, mas nós tomamos uma atitude e agora chegou o momento de tomar outra atitude – rebateu, afirmando que a utilização da Força Nacional precisa ser avaliada para não causar "constrangimentos" à Brigada Militar.
O secretário da Segurança, Wantuir Jacini, pediu exoneração do cargo após a morte da mãe de um aluno em frente ao Colégio Dom Bosco, em Porto Alegre, no fim da tarde de ontem. A decisão de pedir apoio da Força Nacional foi confirmada na madrugada.
Sartori disse que não tem um novo nome para a Segurança, e disse que um grupo de gestão vai assumir interinamente a função.
Veja os principais trechos da entrevista
- Morte da representante comercial Cristine Fonseca Fagundes
"Sei que essa hora é muito triste. Difícil para todos, pelos fatos que vem ocorrendo. Quero dizer que as pessoas que foram vítimas de crimes, das famílias que perderam familiares, merecem de nossa parte o sentimento de pesar e reconhecimento. Lamentar porque acho que esse é um momento de luto pro Rio Grande do Sul que com certeza não ficam satisfeitos com situações dessa natureza."
- Exoneração do secretário Wantuir Jacini
"Agradeço pela grandeza, pela fidelidade, lealdade. Pelo profissional que sempre foi. Sou muito agradecido pelo serviço dele. Sei que essa questão não é de um homem ou uma pessoa só. Não é localizada. É nacional. Muito séria. A gente vê todos os dias em todos os lugares situações desta natureza."
- Por que o auxílio da Força Nacional não foi solicitado antes
"Temos que reconhecer que a situação é difícil. Apesar dos esforços que fizemos e procuramos fazer todos os dias, não foi suficiente. Nunca disse nada sobre isso (ser contra o auxilio da Força Nacional). Nunca disse uma palavra. Vinhamos conversando. A própria situação nacional, estávamos conversando. Estávamos fazendo entendimentos. Ainda foi solicitado a nós muitos policiais para atenderem olimpíadas no RJ. Veja que temos coerência nesta direção. Chegou o momento mais difícil."
- Reunião com Michel Temer
"Chegou o momento de conversar, dialogar e ver que é possível. Sei que ainda estão em curso as Olimpíadas e terá alguma dificuldade. (...) O que queremos pedir é que as forças de segurança possam auxiliar é na guarda externas dos presídios. Para que eles sejam trocados e os brigadianos possam fazer o serviço de rua."
- Futuro da Secretaria de Segurança
"Estivemos reunidos até as 2h. Acertamos que um grupo de gestão da segurança vai comandar a Secretaria de Segurança até encontrarmos um nome. Espero que nossa conversa seja frutífera. Não queremos criar embaraço para a Brigada Militar. Ela sabe que as vezes te m um numero de pessoas e o que a força nacional poderá servir não vi alterar a situação."
- O que vinha sendo feito para melhoria na segurança do Estado
"Nós tomamos atitudes também. Já chamamos 222 policiais militares. Agora chamamos mais 530. Foram 204 da Policia Civil. Isso está sendo feito dentro das nossas condições. (...) Esperamos que esse momento possa passar. Que não haja essas atitudes que estamos encontrando."