Os três apenados gaúchos transferidos nesta terça-feira (28) para penitenciárias federais somam penas que chegam a 194 anos de prisão. O trio foi levado no mesmo avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que trouxe outros três criminosos que estavam há um ano na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Antônio Marco Braga Campos, o Chapolin, tem sentenças que somam 133 anos, seis meses e quatro dias de prisão pelos crimes de latrocínio (roubo com morte), roubo e tráfico de drogas.
Já Rodolfo Silva Charão de Lima foi condenado a penas que somam 40 anos e três meses por roubo, tráfico de drogas e homicídio. O outro detento, William Fernandes Carvalho, o Barbie, cumpre pena de 21 anos por homicídios, tráfico de drogas e porte ilegal de arma. O trio estava preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
O juiz substituto da 1ª Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre, Alexandre Pacheco, explica que os apenados foram transferidos porque continuaram comandando crimes de dentro da Pasc.
— Esses presos exercem algum tipo de liderança em algum tipo de facção criminosa. E mesmo durante o recolhimento em regime fechado, na Pasc, esses detentos cometeram novos crimes durante a execução da pena. Então, devido à gravidade da conduta deles, de cometer crimes como tráfico, assalto, homicídios, entendemos que era o caso de acolher o pedido formulado pelo Ministério Público para transferência para o sistema federal, onde se imagina que eles deixem de comandar crimes.
O coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal e de Segurança Pública do MP, Luciano Vaccaro, ressalta a importância dessa transferência.
— O Ministério Público está trabalhando bastante no sentido de isolar esses líderes de facções, fazê-los permanecerem ou irem pela primeira vez ao sistema prisional federal para que lá estejam isolados, não só do sistema prisional gaúcho, mas também da liderança que exercem junto a suas facções.
O secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer, exaltou a decisão do Judiciário:
"Eles pertencem às três facções criminosas mais perigosas do RS", publicou Schirmer em sua conta no Twitter.
Três presos retornam ao RS
O mesmo avião da FAB que levou três presos gaúchos para o sistema federal, trouxe outros três que cumpriam o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, há pouco mais de um ano.
Tiago Gonçalves Prestes, o Tiago Pasteleiro, tem 13 anos e seis meses de pena. Já José Marcelo Reyes Morales, o Camarão, 23 anos, e Fábio Luis da Silva Mello, o Fábio do Gás, têm condenações por tráfico de drogas. Os três são da região sul do Estado.
— Caso eles cometam novos crimes, poderão voltar ao sistema federal. Eles estão retornando, porque decorrido o prazo de um ano, não sobreveio um fato novo. Ou seja, não houve o cometimento de um novo delito nesse período que tenha sido comandado por esses detentos — afirma o juiz Alexandre Pacheco.
O promotor Luciano Vaccaro afirma que o MP busca alternativa jurídica para que esses três sejam novamente transferidos para o sistema federal. Schirmer criticou o retorno dos apenados ao Estado.
"Infelizmente, apesar dos nossos esforços, três presos de alta periculosidade, líderes de organizações criminosas, estão retornando hoje do presídio federal de Mossoró para o RS...Essas idas e vindas revelam as dificuldades que nos são impostas. Uma hora a Justiça contempla os nossos pleitos, outra não. Ao Estado, cabe acatar as decisões judiciais, recorrendo daquelas que julga equivocadas – e, muitas vezes, incoerentes", destacou Schirmer.
Outros sete presos, dos 27 transferidos em julho do ano passado para o sistema penitenciário federal, também podem retornar ao Estado. Já há decisão da Justiça Federal do Mato Grosso do Sul estipulando prazo de 30 dias, a partir de 13 de agosto, para o retorno.