A taxa de homicídios no Rio Grande do Sul aumentou 58% entre 2006 a 2016. Passou de 18,1 para 28,6 vítimas a cada 100 mil habitantes. Em comparação com outros Estados, em 2016, o RS fica na 20ª posição entre aqueles com o maior índice. Em 2006, o Estado estava em 22º no país. A taxa nacional é de 30,3. Os dados constam no Atlas da Violência, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado nesta terça-feira (5).
Para chegar ao índice, os pesquisadores calculam os números de homicídios para cada 100 mil habitantes. A contagem dessa maneira permite a comparação entre locais com diferentes tamanhos de população, criando um padrão para análise.
No caso do Rio Grande do Sul, foram registrados 1.983 homicídios em 2006, com um índice de 18,1. Já em 2016 ocorreram 3.225 assassinatos, chegando a uma taxa de 28,6.
Em 2006 os cinco Estados que tinham classificações melhores do que o RS eram Tocantins, Maranhão, Rio Grande do Norte, Piauí e Santa Catarina. Em 2016, sete aparecem em melhor posição do que o RS. São eles: Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Santa Catarina e São Paulo.
Além do intervalo entre 2006 e 2016, os pesquisadores calcularam a taxa de homicídios para outros dois períodos menores: 2015–2016 e 2011–2016. No primeiro caso, houve um aumento no indicador de 9,2%. Já no segundo período, a elevação foi de 47,7%.
Na análise dos números brutos — desconsiderando a taxa a partir da população — o aumento foi ainda maior em uma década: de 62,6%. Somados os crimes ocorridos no períodos foram registrados 26.563 óbitos em solo gaúcho.
As informações reunidas no estudo foram obtidas junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com o Ministério da Saúde, por meio do Sistema de Informações sobre Mortalidade.
Queda em seis estados e no DF
Por outro lado, houve queda na taxa de homicídios no Distrito Federal e em seis Estados do país: Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e em São Paulo.
A situação do Rio chamou a atenção dos pesquisadores. Segundo eles, a partir de 2012 se encerrou uma fase de diminuição consistente das taxas de homicídios, o que vinha acontecendo desde 2003. Desde 2012, houve oscilação na taxa, que apresentou alta em 2016, explicada pela final das Olimpíadas no estado.
Já o cenário paulista de queda nas taxas também é analisado no estudo. Os pesquisadores salientam que a redução, iniciada em 2000, ainda não "são inteiramente compreendidas pela academia". Entretanto, são apresentados fatores para a redução, como políticas para o controle responsável das armas de fogo; melhorias no sistema de informações criminais e na organização policial; com a diminuição acentuada na proporção de jovens na população; e melhorias no mercado de trabalho.
Além disso, é considerado outra hipótese: da paz monopolista do Primeiro Comando da Capital (PCC), quando o tribunal da facção criminosa passou a controlar o uso da violência letal, o que teria gerado efeitos locais sobre a diminuição de homicídios em algumas comunidades.