Os dados do Atlas da Violência 2018 expõem uma realidade conhecida para quem acompanha a evolução da criminalidade no Rio Grande do Sul (RS): os jovens têm morrido cada vez mais. No ano de 2016, a cada dia pelo menos quatro pessoas com idades entre 15 e 29 anos foram mortas no Estado. Em 10 anos, esse índice cresceu 64,1%. O total de mortos nessa faixa etária, entre 2006 e 2016, é de quase 13 mil. Os índices foram divulgados nesta terça-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Assim como no país, os dados indicam um agravamento da vitimização de jovens no RS. Enquanto em 2006 o Estado teve 980 registros de jovens assassinados, em 2016 foram 1.608. Este foi o maior índice registrado no período, segundo os dados do Atlas. Em comparação com 2015, o aumento foi de 15,6%. Foram 1.391 casos em 2015.
Quando o recorte é limitado às vítimas do sexo masculino o índice se torna ainda mais preocupante. Os homens jovens representam a maioria das vítimas. Entre 2006 e 2016, o número de homens jovens que morreram no RS de forma violenta teve elevação de 69,3%. Entre 2015 e 2016 também houve aumento de 15,9%.
A taxa de homicídios de jovens para cada 100 mil no RS teve elevação de 72,9% no RS em 10 anos. Passou de 36 para 62,3 e ocupa o 17º lugar no ranking de Estados. A taxa é ligeiramente inferior à nacional, que é de 65,5. O número é mais do que o triplo do apresentado, por exemplo, em São Paulo, onde a taxa é de 19 assassinatos de jovens para cada 100 mil habitantes. Em Santa Catarina a taxa é de 27,2. Em comparação com 2015, quando a taxa de jovens assassinados no RS era de 53,6, houve de 16,4%.
33,5 mil jovens mortos no país
No Brasil, 33.590 jovens foram assassinados em 2016, sendo 94,6% do sexo masculino. Esse número representa aumento de 7,4% em relação ao ano anterior. Considerando a década 2006-2016, o país sofreu aumento de 23,3%. O estudo pondera, no entanto, que parte desse incremento é reflexo do aprimoramento dos dados da saúde, que aumentou a notificação dos casos antes classificados como morte violenta por causa indeterminada.
Houve aumento na quantidade de jovens assassinados, em 2016, em 20 Estados, com destaque para Acre, com aumento de 85% e Amapá, com 41%, seguidos pelos grupos do Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Roraima, que apresentaram crescimento em torno de 20%. Pernambuco, Pará, Tocantins e Rio Grande do Sul tiveram crescimento entre 15% e 17%. Em apenas sete Estados houve redução no índice de jovens assassinados, com destaque para Paraíba, Espírito Santo, Ceará e São Paulo, onde houve diminuição entre 13,5% e 15,6% em comparação com 2015.
Taxa por 100 mil
Em 2016, as taxas variaram de 19 homicídios por grupo de 100 mil jovens, no estado de São Paulo, até 142,7 em Sergipe, sendo a taxa média do país 65,5 jovens mortos por grupo de 100 mil. As três maiores taxas foram registradas nos estados de Sergipe, Rio Grande do Norte e Alagoas, e as três menores, nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.