A Corregedoria da Polícia Civil (Cogepol) afastou o delegado Moacir Fermino após se constatar que três pessoas mentiram no inquérito que apura a morte de duas crianças, encontradas esquartejadas em setembro do ano passado, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. A informação foi confirmada pelo chefe da polícia, delegado Emerson Wendt.
O policial ficará afastado por 30 dias. Uma investigação apura o falso testemunha e a denunciação caluniosa de sete pessoas pela morte das crianças.
Na semana passada, a corregedoria solicitou à Justiça o afastamento de Fermino, o que foi atendido em decisão na sexta-feira (9), sendo cumprida no mesmo dia, segundo o delegado-corregedor Marcos Meirelles.
Em entrevista ao programa Timeline da Rádio Gaúcha, o chefe da Polícia Civil afirmou que o afastamento é considerado uma "medida cautelar" para evitar que o delegado investigado possa ir à delegacia e influenciar no trabalho policial.
— Uma das possibilidades era o afastamento, solicitado por nossa polícia para o Judiciário, mas também havia a possibilidade do Conselho Superior de Polícia. Optamos pela primeira alternativa — salientou Wendt.
A Corregedoria tem até sábado (17) para concluir a investigação, mas não se descarta prorrogar o prazo. Meirelles salientou ainda que Fermino deve ser ouvido nos próximos dias para a investigação.
Wendt disse ainda que não se descarta a participação de outros policiais na intimidação das testemunhas, o que está sendo apurado. O chefe da Polícia Civil salientou que "não é incomum" testemunhas mentirem em inquéritos.
— O que testemunhas trouxeram acabaram não se confirmado e se viu que era farsa. Há necessidade de apuração de circunstâncias, que levaram essas pessoas a mentir — pontua Wendt.
Ainda durante a entrevista, o chefe da Polícia Civil disse que desligou o rádio ao ouvir o delegado Fermino falar que teve "revelações divinas" que apontaram os caminhos para a investigação. A entrevista acabou causando mal-estar no alto escalão da corporação, o que fez Wendt chamar uma reunião para avaliar a "técnica policial" empregada na investigação.
Fermino ficou por 30 dias como interino da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo nas férias do delegado Rogério Baggio.
Corregedoria já ouviu 11 pessoas
Para a investigação, a corregedoria da Polícia Civil já ouviu 11 pessoas, entre elas os presos – que já foram soltos, testemunhas e policiais. As três pessoas que mentiram durante a investigação ainda não prestaram depoimento, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Questionado sobre detalhes da investigação, Meirelles preferiu não comentar.
— O mérito da investigação não estou abrindo. A gente está muito focado em entender o que aconteceu, se houve participação do delegado e por que houve. É muito prematuro dizer qualquer coisa – salientou o corregedor.