- Atualização: a 1ª Vara do Júri decretou, nesta quinta-feira (26), a prisão de Álvaro José Borba Silveira, 50 anos, por homicídio qualificado.
Uma decisão do juiz plantonista Volnei dos Santos Coelho, na madrugada desta quinta-feira (26), entendeu que não há urgência para decretar a prisão preventiva do homem identificado como autor dos disparos que mataram Alexandre Farias de Vargas, 49 anos, na tarde de quarta-feira. A vítima, um eletricista que prestava serviços para a CEEE, foi morta após uma suposta discussão com um morador que teria se irritado porque um veículo estaria atrapalhando a saída de uma casa, no bairro Espírito Santo, zona sul de Porto Alegre. O entendimento da Justiça revoltou o delegado Rodrigo Reis, responsável pelo pedido de prisão.
— Para nós, como policiais, é uma frustração, uma decepção. Os policiais estão desolados. Trabalhamos a noite toda para conseguir essa prisão e para fazer Justiça. A cada caso de homicídio que ocorre, a gente busca dar uma resposta para a família. Desta vez, a gente não tem o que dizer, porque simplesmente a prisão não foi decretada — desabafou o policial.
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, o juiz alegou que sua decisão foi fundamentada no fato de que o autor não foi preso em flagrante pela Polícia Civil. Por isso, entendeu que a decisão deveria ser da Vara do Júri. De acordo com o delegado, a Vara do Júri costuma responder os pedidos em duas semanas. Reis defende que, caso transcorra esse tempo, o suspeito pode fugir.
— Nós ainda não o localizamos. No entanto, mesmo nesse atual momento, mesmo que eu o localize ou que ele se apresente, eu não posso efetuar a prisão dele. Porque nós representamos para o plantão do Judiciário, e o plantão entendeu que não era um caso de urgência, e declinou para a Vara do Júri. Então talvez, agora, eu tenha que esperar por dias até eu ter essa prisão. Mesmo que ele se apresente, eu sou obrigado a ouvi-lo, e liberá-lo — reforça o delegado.
A Polícia Civil sustenta que o pedido de prisão tinha quatro testemunhas. São eles a própria mulher do suspeito, dois gesseiros e um eletricista, colega da vítima. De acordo com a investigação, o relato é de que Vargas em nenhum momento agiu de forma agressiva, nem verbal nem fisicamente.
Os investigadores afirmam que a discussão poderia ter sido resolvida com "bom senso". O delegado Reis afirma que havia espaço suficiente para o morador da casa sair com o carro, caso ele manobrasse para sair em diagonal. Além disso, um outro carro da família estava na mesma quadra da casa e poderia ter sido usado - esse veículo, inclusive, foi utilizado pelo assassino para fugir.
— Um sujeito totalmente desequilibrado matou um trabalhador, uma pessoa honesta, pai de família, com dois filhos, um de 26 e outro de 15. Se ele se apresentar hoje na minha frente, eu não posso prendê-lo, porque legalmente já transcorreu o tempo para que eu pudesse efetuar uma prisão em flagrante — adiciona o delegado.
A Polícia Civil segue procurando pelo suspeito.