Miriam da Costa Oliveira (*)
A hipófise é uma pequena glândula contida em uma reentrância óssea chamada sela turca, na base do crânio. É vital para o organismo, pois comanda o funcionamento de outras glândulas como: tireoide, suprarrenais, ovários e testículos. Além disso, produz e secreta hormônios, como o do crescimento e a prolactina. As doenças hipofisárias são tratadas pelos neuroendocrinologistas. As mais comuns são as deficiências hormonais e os tumores.
Diagnóstico e sintomas
Sua ocorrência na população é de 1 caso para cada mil pessoas. Nem sempre causam sintomas e, às vezes, são achados ocasionais em exames rotineiros de imagem. Normalmente, são benignos e de crescimento lento, mas podem invadir estruturas adjacentes aumentando a sua gravidade.
Os tumores podem ser "não secretores" ou "hipersecretores". Estes produzem em excesso hormônios como: prolactina (PRL), hormônio de crescimento (GH) e hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Todos podem gerar sintomas consequentes ao seu tamanho como dor de cabeça e alterações visuais ou outros relacionados aos hormônios secretados.
O diagnóstico é feito a partir da apresentação clínica, dos exames laboratoriais e da ressonância magnética da região da sela.
Nas mulheres, os tumores secretores de PRL se associam com distúrbios menstruais (especialmente ausência de menstruação), galactorreia (secreção mamilar fora da gravidez ou da amamentação), infertilidade e diminuição da libido. Nos homens, associam-se à impotência e diminuição da libido.
Nos tumores secretores de GH, prevalece o aumento das extremidades (cabeça, mãos e pés), consequente ao crescimento ósseo e acúmulo de tecidos moles. Podem ocorrer doenças articulares, distúrbios do sono, hipertensão, alterações da glicose, entre outras. Quando o excesso de GH incide em crianças e adolescentes, o quadro é de gigantismo.
Nos tumores secretores de ACTH (doença de Cushing), o excesso dos hormônios cortisol e andrógenos pode causar fraqueza, obesidade abdominal, rosto com formato de "lua cheia", hipertensão, estrias violáceas, osteoporose, intolerância à glicose, formação de trombos ou coágulos e transtornos psiquiátricos.
Os tumores, em geral por compressão das células normais, podem levar à deficiência de um ou mais dos hormônios produzidos pela hipófise (Hipopituitarismo), gerando alterações consequentes à falta dos hormônios da tireoide, das suprarrenais e do crescimento.
Tratamento
A primeira opção terapêutica é cirúrgica, exceto nos prolactinomas, em que o tratamento é medicamentoso. O resultado e o prognóstico dependem de vários fatores, que incluem o tamanho da lesão e o grau de invasão dos espaços vizinhos. Quando a cirurgia não obtém sucesso total, existem medicamentos que podem controlar a secreção hormonal exagerada ou optar-se pela radioterapia.
Uma equipe multidisciplinar deve acompanhar os endocrinologistas no cuidado dos pacientes em todas as fases da doença com vistas ao bem-estar dos mesmos e de suas famílias.
(*) Coordenadora do Centro de Neuroendocrinologia da Santa Casa
Parceria com a Academia
Este artigo faz parte da parceria firmada entre ZH, GZH e a Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM). A estreia foi em março de 2022, com a reportagem "Câncer: do diagnóstico ao tratamento", e está na sua terceira temporada. Uma vez por mês, o caderno Vida vai publicar conteúdos produzidos (ou feitos em colaboração) por médicos integrantes da entidade, que completou 30 anos em 2020, conta com cerca de 90 membros de diversas especialidades (oncologia, psiquiatria, oftalmologia, endocrinologia, otorrinolaringologia etc) e atualmente é presidida pela endocrinologista Miriam da Costa Oliveira, professora e ex-reitora da UFCSPA.